O que nós temos a dizer para quem quer ser um nômade digital

Desde que decidimos não seguir o conceito padrão de trabalho que é o de pegar a pastinha todo dia de manhã e sair de casa – como um amigo nosso uma vez disse – fomos alvos tanto de admiração quanto de desconfiança. Por mais que amigos e parentes nos encorajavam, sempre nos questionavam quanto à disciplina e alertavam que essa decisão demandaria muita responsabilidade, além de comprometimento para que fosse possível trabalhar sem a supervisão de outras pessoas.

Afinal de contas, é tão difícil assim tocar seu ganha-pão remotamente?

Acreditamos que você já saiba a resposta, até porque se estamos trazendo este artigo ao Viajei Bonito é porque temos convicção de que parte de sua curiosidade vem da ideia de que ficando em casa seria impossível ter a disciplina necessária para trabalhar com produtividade. Bom, é nosso objetivo fazê-lo repensar tudo isso.

O movimento e as ambições

Libras plantadas em vasinhos, como plantas

Libras plantadas em vasinhos, como plantas (adaptação). Créditos: Images Money / Fonte: Flickr

Quando você opta por trabalhar de casa (ou pelo mundo), parte-se do princípio que o modelo empregatício padrão que envolve escritórios, salas fechadas, supervisores, auditorias, etc., não se adequa mais a seu estilo de vida. Entretanto, a quebra desse paradigma não vem acompanhada de sucesso instantâneo, e muitas vezes queremos já que dê certo na primeira tacada. Pra começar, é necessário abrir mão de muita coisa, principalmente de uma fatia considerável de seu salário.

Abandonar um emprego que lhe paga bem pra viver como freelancer ou como empregado home-office poderá refletir em sua conta bancária, sim. Ignorando as exceções, na grande maioria das vezes o movimento exigirá que você saiba viver com muito menos, e isso será o tema de futuros artigos. Não vamos queimar a largada. Vamos direto ao ponto.

O que faz mais diferença pra você? Ter uma conta bancária “em paz” ou viver em paz? Vale a pena trabalhar satisfeito e feliz, ganhando menos? Se sua resposta é não, provavelmente você ainda (talvez nunca) não precisa se preocupar em mudar de vida, e isso não é errado. Estar bem com o trabalho e a vida que leva é admirável e deve ser cultivado, entretanto, pode ser o caso em que você está insatisfeito com a rotina adotada (mesmo sem perceber) e basta um pouco de reflexão pra saber: preciso mudar.

Existem vários medos que cercam esse movimento. Um deles é a preocupação com a disciplina: você a teria pra conseguir trabalhar de casa?

Um home-office dorme o dia inteiro?

Home-office dormindo em serviço

Home-office dormindo em serviço (adaptação). Créditos: reynermedia / Fonte: Flickr

Soa como piada, não é? Pode parecer absurdo, mas muita gente acha que quem trabalha de casa vai passar metade do dia dormindo e a outra bocejando. Talvez isso até aconteça, mas a situação ficará insustentável depois de um tempo e, dificilmente, este modelo de trabalho não se adequará bem, fazendo com que você precise voltar aos escritórios.

A única forma de evitar isso é se enchendo de remédios pra ficar acordado. É claro que não! Café ajuda, mas não é a solução. Energéticos então nem se fala. Qualquer coisa que parta do princípio de que você quer enganar seu corpo pra se manter acordado não é algo saudável, muito menos lhe trará a paz que você supostamente está buscando com a vida de nômade digital.

A solução começa quando trabalhamos nossa vulnerabilidade perante as armadilhas da mente, observando sua vida não apenas com a cabeça, mas principalmente com o coração: você está realmente feliz trabalhando de casa com algo de que gosta? A própria satisfação pessoal é o combustível que lhe fará acordar cedo todos os dias ou que manterá seu corpo aceso para virar noites inteiras trabalhando. Essa satisfação é quem faz você voltar do almoço entusiasmado a trabalhar, mesmo em meio a bocejos, com aquela vontade de deitar feito um cão no sofá e cochilar ouvindo a voz do Evaristo Costa.

Estando realmente satisfeito com o que se tem, o estado de alerta e a empolgação pra tocar seus projetos virão naturalmente, pode apostar.

Pausas pra descanso

Trabalhador tirando alguns minutos de descanso

Trabalhador tirando alguns minutos de descanso (adaptação). Créditos: Vladimer Shioshvili / Fonte: Flickr

Tão importante quanto manter o foco no trabalho é saber dar descanso ao seu corpo. Muitas vezes nos confundimos, talvez porque fomos condicionados desde o primeiro emprego, que quanto mais tempo você trabalhar, mais produzirá. Isto é, que a produtividade é proporcional ao esforço. Na prática, não é bem assim.

Trabalhar por horas ininterruptas faz com seu ritmo diminua depois de um tempo. Sem perceber, você começará a se distrair, as pernas ficarão inquietas e vários outros tiques aparecerão. É o seu corpo implorando pra que você pare o que está fazendo e faça algo por ele, seja um esporte, seja descanso, seja pra comer ou beber alguma coisa.

Não importa o que você faça pra descansar, mas saiba que é importante alterar periodicamente o ambiente e as atividades frequentemente durante um dia de trabalho. Há quem goste de utilizar a Técnica Pomodoro, que consiste em ajustar um alarme de 25 minutos e focar completamente na tarefa que está sendo executada. Quando o alarme soar, você larga tudo e descansa de 3 a 5 minutos. A cada quatro turnos, faz-se uma pausa mais longa, de 15 a 30 minutos.

Pra falar a verdade não nos adaptamos muito a essa técnica porque nosso trabalho de blogueiros exige uma imersão maior durante a escrita, e o tempo que precisamos para mergulhar de cabeça nos textos é maior do que os 25 minutos. Assim fizemos uma leve adaptação: 50 minutos de trabalho, 10 minutos de descanso. A própria pausa depois de quatro turnos é o próprio almoço ou a hora de encerrar o expediente. Tem funcionado muito bem.

A beleza aqui não está na aplicação de uma técnica específica, mas na gentileza que você aplica a seu corpo sabendo respeitá-lo. Lembre-se sempre: fazer o movimento de trabalhar com o que gosta e de qualquer lugar do mundo é muito mais do que produzir incansavelmente, é sentir prazer no que faz, trazendo paz tanto para o corpo quanto para a mente.

Sair de casa faz muito bem

Trabalhador caminhando pela rua

Trabalhador caminhando pela rua (adaptação). Créditos: Emilien ETIENNE / Fonte: Flickr

Pausas são necessárias e mudar o ambiente também. Se você consegue conciliar as duas coisas, perfeito! Caso contrário, é interessante tentar, pelo menos, sair pra almoçar e jantar, principalmente com outras pessoas.

Trabalhar o social é muito importante por vários motivos. Distrair a mente com assuntos diversos durante as pausas do dia faz com que você volte com outro gás para o trabalho. Não é a toa que nos escritórios sempre há grupinhos na cozinha ao longo do expediente. É um processo natural porque as pessoas precisam desse bate-papo informal mesmo sem saber que precisam.

Trabalhando em casa você se depara, muitas vezes, com a solidão. O silêncio pode ser bom no início. As reuniões que passam a ser através de telefone, Skype, etc., são muito menos estressantes, mas ao longo dos dias é normal sentir falta de pessoas. Ao sair de casa, nem que seja pra caminhar ou fazer algo sozinho, você estará em contato com outras pessoas e parte dessa carência diminuirá, fazendo com que na volta ao trabalho sua cabeça esteja, de certa forma, satisfeita. Um chopp, visita ao shopping, pelada ou qualquer outro evento que envolva namorados, amigos, parentes e seres humanos classificados da forma como quiser é essencial para manter o equilíbrio entre a vida social e o trabalho.

Invista seu tempo nisso também.

Horários bem definidos

Quadro com marcação de horários

Quadro com marcação de horários (adaptação). Créditos: Robert Lowe / Fonte: Flickr

Falando em tempo, é mais do que necessário ter horários bem definidos de trabalho.

Entretanto, sem rigidez em exagero. Nada impede que você tenha a flexibilidade de tirar uma tarde pra fazer o que bem entender no meio da semana. Trabalhar por conta própria traz essa vantagem e é importante estar sempre se lembrando da liberdade que envolve esse estilo de vida. Afinal de contas temos que estar constantemente fazendo o que realmente queremos e o que nos faz feliz.

Caso seu horário de trabalho não seja bem definido, é bem possível que em um certo momento você se perca. A cabeça começa a não ter mais referência do que é trabalho e do que é descanso/lazer. É muito comum acontecer de você passar um dia inteiro na frente do computador e para se distrair a noite, você continuar no mesmo lugar, na mesma posição, intercalando sites de lazer com os documentos em que estava trabalhando. Nós mesmos fazemos muito isso.

Acontece que a mente precisa de limites. É essencial que seu corpo e sua mente saibam quando estão trabalhando e quando não estão. Do contrário, vai ser comum você passar o dia inteiro correndo atrás do rabo e terminando a noite sem saber se o dia foi ou não produtivo, pois não há referência mental do que foi feito. Isso pode resultar até mesmo em desmotivação e medo de que não será possível sustentar esse estilo de vida.

Por isso, nossa dica é que você coloque na ponta do lápis quantas horas quer dedicar seu dia ao trabalho e estabelecer horários. Não se apegue às oito horas que o mercado impõe a seus funcionários. Se você acha que rende bem trabalhando quatro horas por dia, então considere se limitar a isso. Trabalhar além da própria capacidade não é sustentável em longo prazo e muito do aborrecimento com a vida pode nascer a partir desse simples detalhe que, com certeza passa despercebido na cabeça das pessoas.

É normal nos apegarmos ao fato de que precisamos cumprir oito ou mais horas por dia de trabalho porque a sociedade nos mostrou isso desde cedo. Uma fatia esmagadora das empresas hoje valoriza mais o funcionário que trabalha mais horas do que o mais produtivo. Pode parecer absurdo, mas já presenciamos várias situações como essa quando ainda trabalhávamos em escritórios. Às vezes não bastava produzir, era necessário ficar além do expediente ou comparecer nos finais de semana.

Quando houver a necessidade de virar uma noite trabalhando, tire o dia seguinte pra descanso, respeitando o limite de horas que você estipulou. Não há projeto nenhum no mundo que possa ser mais importante do que sua saúde. Lembre-se: a disciplina para manter um ritmo de trabalho exige que você cuide de sua carga horária e de seu bem-estar. Ter satisfação com a carga horária é saber respeitar os limites de seu corpo e de sua mente.

Evitar distrações

Facebook

Facebook (adaptação). Créditos: reynermedia / Fonte: Flickr

Pode parecer óbvio demais, mas evitar fazer duas ou mais coisas ao mesmo não só compromete a produtividade como pode gerar insatisfação. É esse é o pior tipo de insatisfação, pois está relacionada à sua falta de foco. Sem perceber, começamos a achar que o dia não rendeu absolutamente nada, mesmo que nesse meio tempo tenhamos conseguido concluir algumas tarefas.

Quando estamos distraídos, é comum intercalar a atenção com as ferramentas do trabalho, Facebook, Whatsapp, e outras redes sociais. Além de colocarmos a cabeça pra processar mais e mais atividades em paralelo, nossa atenção acaba se dividindo, e a produtividade cai, já que toda hora é necessário relembrar o ponto em que estávamos antes de ver aquele vídeo engraçado que alguém acabou de postar.

Direcionando o foco a uma única tarefa, é possível respeitar o seu horário de trabalho, terminar nas horas marcadas e encerrar o expediente com a sensação de que algo produtivo aconteceu, deixando o restante das horas para fazer outras atividades, que trazem prazer e façam valer a pena toda a disciplina aplicada para sermos chefes de nós mesmos.

Aplicando tudo isso de uma vez

Ao estipular limites de horário e o número máximo de horas alocadas ao trabalho, você já estará dando um grande passo para se ter a disciplina necessária ao home-office, próprio negócio, freelancer ou qualquer que seja o modelo que lhe permita fazer o que você faz em qualquer lugar do mundo.

Aliado aos limites, saber respeitar o corpo, observando-o, ouvindo-o e dando a ele as horas de descanso demandadas é também muito importante para que no longo prazo você atinja a satisfação que servirá de combustível para manter a própria disciplina. É uma bola-de-neve, uma coisa depende da outra.

Faça as pausas, mesmo que o trabalho pareça exigir todo o seu tempo. Pode soar como um absurdo largar tudo para relaxar enquanto o mundo lhe exige cada vez mais, mas seu estado de espírito e saúde metal ficarão muito agradecidos no final do dia. Se puder, saia de casa ou de onde você estiver, mesmo que seja por alguns poucos minutos e você verá como suas capacidades criativas lhe retribuirão.

Felicidade, aliada à liberdade e à produtividade são três dos grandes pontos a serem atingidos com a disciplina de se trabalhar por conta própria. Existem vários outros pontos a serem abordados e isso varia muito de pessoa pra pessoa, por isso, se você sentiu que faltou falar de alguma coisa, não deixe de comentar logo abaixo com suas experiências e dúvidas.

Um grande abraço e até o próximo artigo!

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4 pensou em “O que nós temos a dizer para quem quer ser um nômade digital

    1. Sim, Rubens, porque para ser um nômade digital você não precisa, necessariamente, ir para fora do país. Você pode trabalhar remotamente aqui no Brasil, que tem lugares fascinantes! Basta se certificar de que o local escolhido tem conexão estável para você não atrasar nenhum trabalho e assim não ficar mal com o seu chefe ou seus clientes.

      Boa jornada!

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