Chefchaouen: o que fazer na cidade azul do Marrocos

A segunda cidade do Marrocos que escolhi para minha viagem foi uma grande surpresa. Surpresa porque até meu quinto dia em Tânger eu não sabia da existência de Chefchaouen, nem muito menos o que fazer lá. Aos poucos, conversando com vários outros viajantes, comecei a notar que muita gente estava indo para lá. Como eu ainda tenho alguns dias pra gastar pelo Marrocos, por que então não passar uma semana conhecendo o famoso vilarejo azul?

Como chegar em Chefchaouen a partir de Tânger

Se você está acompanhando esta série de artigos sobre o Marrocos, saberá que eu estava em Tânger – cidade conectada à Espanha pelo Estreito de Gibraltar. Por isso, o trajeto que apresento aqui considera que você também já está no lado marroquino da força. Caso você esteja na Europa, será necessário atravessar pra cá, seja de avião, seja através das barcas partindo de Tarifa ou Algeciras. Estando em Tânger, há várias opções para se chegar a Chefchaouen:

  • Alugando um carro: essa talvez seja a opção mais divertida e com melhor custo benefício. O aluguel de carros e o combustível são muito baratos no Marrocos. E em qualquer albergue de Tânger é muito fácil arrumar um grupo de pessoas disposto a dividir as despesas. Acredito que a road trip também seja interessante pelo fato de você poder parar no caminho para apreciar paisagens que dificilmente verá em outros países. As grandes montanhas que começam a tomar conta da vista à medida que você se aproxima de Chefchaouen são extremamente atraentes;
  • Táxi: também é possível parar um táxi qualquer na rua e simplesmente dizer: Chefchaouen! Mas, peraí, você está falando de outra cidade! Sim, caro leitor! Os táxis aqui no Marrocos fazem viagens intermunicipais, e com um preço extremamente acessível, mas lembre-se que, em contrapartida, eles funcionam como ônibus: vão parando e pegando pessoas pelo caminho, viajando, às vezes, com duas pessoas no banco da frente e quatro atrás. A viagem acaba se tornando um pouco desconfortável.
  • Ônibus: caso você não queira se preocupar e simplesmente comprar uma passagem com lugar marcado, poderá optar pelos ônibus intermunicipais. Mas é muito importante prestar atenção em um detalhe do qual falarei melhor nos próximos parágrafos.
Rodoviária de Tânger, Marrocos
Rodoviária de Tânger, Marrocos. Créditos: Adriano Castro

Durante os dias em que estive em Tânger, pesquei várias conversas de quem estava indo pra Chefchaouen e de quem já veio de lá. Sempre falavam numa tal de CTM. Descobri depois que CTM é uma companhia de ônibus bem avaliada por aqui.

Quando precisei ir até a rodoviária para comprar a passagem de ida, um dos funcionários do albergue me disse pra procurar essa companhia. É uma pena que isso entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Chegando lá, fui abordado por um empregado de outra companhia que também estava vendendo passagens para Chefchaouen. Fui com ele até o guichê e acabei comprando-a com essa empresa, a qual nem me lembro do nome. Afinal de contas, o importante é chegar lá, não é? Por que eu deveria me preocupar com essa CTM?

É o que eu pensava. Nessa noite, de volta ao albergue, encontrei alguns viajantes que havia conhecido dias atrás. Eles estavam me contando sobre Chefchaouen e porventura me perguntaram: você está indo pela CTM, não é? Quando descobriram que eu havia comprado pela companhia local houve aquele frisson de “woooooooow” seguido de algumas risadas e lamentos. Eles também haviam comprado por essa companhia “desconhecida” e começaram a me contar o desespero que foi a viagem. É claro que o ônibus chega com todo mundo vivo, mas saiba que ele não tem refrigeração e não há como abrir as janelas! Segundo um dos ingleses que me contou sobre essa tortura, quando ele resolveu abrir uma espécie de basculante no topo do ônibus, um dos marroquinos o obrigou a fechar! Faz sentido pra você? Nem pra mim. Ele ainda me descreveu a sensação de que iria morrer de tanto calor e, pra completar, a turista que estava do lado dele vomitou por conta do clima carregado e abafado.

Ouvir a narração da viagem que eles fizeram pela companhia local já me deu mal-estar. Por isso no dia seguinte cheguei mais cedo à rodoviária, joguei no lixo o bilhete e comprei pela CTM. Foi tão barato que considero esse o melhor dinheiro jogado fora da minha vida. Viajei confortavelmente num ônibus espaçoso e com o ar condicionado extremamente generoso, tirando várias fotos como você pode ver logo abaixo.

O que fazer em Chefchaouen

Não há muito que fazer em Chefchaouen. Mas talvez esta seja a grande atração: fazer nada! É uma ótima cidade pra quem busca sair um pouco dos grandes centros urbanos e estar em um contato maior com a natureza e com o silêncio, exceto quando as Minaretes realizam as cinco orações diárias que ecoam pela cidade.

Em Chefchaouen, o assédio dos vendedores de haxixe e das pessoas que querem ajudar em troca de gorjetas é bem menor comparado a Tânger. Provavelmente você será abordado várias vezes no primeiro dia, mas eles se lembram de você e param de importuná-lo caso você recuse na primeira vez.

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A cidade é muito pequena. É possível ver de qualquer terraço os limites da Medina, que é circundada por um grande muro alto que separa as antigas casas das maravilhosas montanhas ao fundo. Por ser um local montanhoso e alto, as noites são muito frias, por isso não se iluda se você estiver com calor durante o dia: sempre saia com um casaco na mochila.

A principal característica de Chefchaouen é que a Medina é praticamente tomada pela cor azul. Casas, ruas, lojas e pequenas construções são pintadas nessa cor. É possível enquadrar em uma fotografia vários trechos da cidade onde ela será tomada por tons de azul. Além disso, esse detalhe é ponte para uma série de piadas como: estamos perdidos, mas eu me lembro de passar por uma rua azul. Piada horrível, concordo. Mas os gringos gostam de fazê-la o tempo todo. Se eu tivesse uma casa por aqui, pintaria ela de vermelho, só pra ver o que acontece.

Cachoeiras Akchoura

Um dos passeios mais conhecidos em Chefchaouen são as cachoeiras Akchoura.

Pra chegar até elas, você precisará pegar um táxi, caso esteja sem carro, de forma a chegar à represa “mais próxima” das cachoeiras. Basta solicitar ao motorista: Achôra. Ele entenderá. De Chefchaouen até essa represa são aproximadamente quarenta minutos, então certifique-se de ir com sua câmera preparada, pois as montanhas que você verá no caminho são muito mais bonitas que as da estrada vindo de Tânger. Particularmente, optei por não colocar aqui nenhuma foto tirada, pois uma câmera não consegue capturar nem um décimo da sensação de vertigem que você tem ao olhar pra elas e eu acabaria por não conseguir passar essa emoção com imagens tachadas. Lamento, mas você precisará vir ao Marrocos pessoalmente pra ver essas montanhas.

Após chegar à represa, basta uma simples caminhada de duas horas por uma trilha que alterna entre subidas e descidas. Em compensação, os trechos com sombra são maioria e pelo fato da trilha beirar constantemente um rio, o clima é agradável. Depois de todo o esforço, a recompensa é uma cachoeira alta, que desaba em um lago onde é possível mergulhar e pular de várias pedras. Se você não se importa de nadar em águas com temperaturas que atingem o zero absoluto de Kelvin, este é o lugar perfeito.

Chefchaouen à noite

Deixando a natureza um pouco de lado, acabei descobrindo juntamente com um dos colegas de quarto do albergue, que Chefchaouen é um lugar divertido de se andar pela noite. O azul das ruas com pouca iluminação cria um cenário curioso e atraente. Acabou que de tanto andar nessa noite, nos perdemos e passamos a andar em círculos por alguns trechos. Foi divertido.

Mas se perder em Chefchaouen não é de forma alguma perigoso. Confesso, é um pouco assustador pois em várias ruas havia grupos de pessoas oferecendo haxixe. E estamos acostumados a evitar lugares assim no Brasil. Ainda mais por essas ruas serem escuras e silenciosas. Quando a droga lhe é oferecida e você recusa, dizendo que só está andando para explorar o lugar, eles ainda ajudam você com as direções certas. Ou seja, no final das contas até os traficantes são receptivos.

Você estando em Chefchaouen, tire uma noite pra percorrer a Medina. De preferência mais tarde, quando o movimento nas ruas diminui.

Conclusões e despedida

Como você pode ter percebido, e até porque eu fiz questão de reforçar, Chefchaouen é a cidade pra quem está em busca de tranquilidade. Não há muitos pontos turísticos nem tanta exploração turística. É um ótimo lugar para fazer compras, pois os preços são menores em comparação a Tânger.

A propósito! Consegui barganhar meu primeiro produto! Depois do fracasso e da humilhação ao tentar barganhar um café achando que eles levariam isso numa boa, consegui comprar um par de luvas com cinco Dirhams de desconto! Ganhei a noite. E o frio tá chegando. Aos poucos… mas o inverno já está fazendo com que as noites marroquinas exijam luvas caso você queira fazer como eu: escrever um artigo no terraço de um albergue!

Reforçando minha recomendação: junte um grupo de pessoas e alugue um carro. Há vários destinos próximos à cidade e pode ser meio aborrecedor ficar correndo atrás de táxi o tempo todo. Mas alugue isso em uma cidade maior, como Tânger ou Tetuão. Poderá sair mais barato ainda.

Onde se hospedar em Chefchaouen

Em Chefchaouen eu recomendo o Dar Besmellah, que tem uma estrutura impecável e fica muito bem localizado, dentro da Medina. Os valores das diárias são acessíveis, mas se você procura um lugar ainda mais econômico sem perder o conforto, indico o Dar Bleu Pearl

Próximo destino: Asilah! No litoral! Já estou com saudade de praia! Nos vemos então na próxima semana, com mais um post sobre o Marrocos!

Se você curtiu este simples relato desta simples e acolhedora cidade, deixe seus comentários!

Um grande abraço e até a próxima!

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Adriano Castro

Formado em Ciência da Computação pela UFJF, trabalhou durante 10 anos como analista de sistemas até chutar o balde e tocar a vida como freelancer, carregando seus projetos para onde quer que vá.

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