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Já te falaram sobre a Síndrome de Florença?

Florença é uma cidade fascinante, principalmente para os amantes de artes. Uma distância que em outros lugares é percorrida em 15 minutos, em Florença poderá levar horas, isso porque a cidade é um verdadeiro museu a céu aberto, com obras de arte e construções extraordinárias a serem vistas pelas ruas.

É normal que as pessoas fiquem sem palavras e paralisadas diante de tanta beleza. No entanto, se seu comportamento começar a fugir à normalidade e você começar a ter confusões mentais, a sentir tontura, coração acelerado e enjoos é melhor se cuidar. Você pode ter sido acometido pela Síndrome de Florença.

O que é a Síndrome de Florença?

Não é mentira, muito menos frescura, a Síndrome de Florença existe e é uma doença psicossomática, isto é, quando problemas psicológicos transferem-se e manifestam-se no corpo. A Síndrome de Florença também é conhecida como “Síndrome de Stendhal”. Ela recebe esse outro nome porque foi o escritor francês Stendhal quem descreveu este quadro clínico pela primeira vez, em 1817, após uma visita à Basílica de Santa Croce. O trecho é de seu diário de viagem, publicado como “Nápoles e Florença: Uma viagem de Milão a Reggio”. Nas palavras dele:

“Absorvido na contemplação da beleza sublime, que via de perto, eu a tocava, por assim dizer. Tinha chegado ao ponto da emoção onde se encontram as sensações celestes proporcionadas pelas belas-artes e os sentimentos passionais. Saindo de Santa Croce, meu coração batia forte, o que em Berlim chama-se ‘nervos’; a vida esgotara-se em mim, eu andava com medo de cair.”

O que acontece é que as obras de arte tendem a mexer com o emocional das pessoas e muitas vezes acontecimentos passados que parecem estar esquecidos, voltam à tona e mexem com a cabeça das pessoas, reabrindo feridas, resgatando sentimentos e revivendo conflitos interiores.

A Síndrome de Florença foi relatada em 1817 pelo escritor francês Stendhal após uma visita a Basílica de Santa Croce
A Síndrome de Florença foi relatada em 1817 pelo escritor francês Stendhal após uma visita a Basílica de Santa Croce. Créditos: Gisele Rocha

Quais são os sintomas da Síndrome de Florença?

De acordo com o site Dicionário de Síndromes, escrito por profissionais que estudam este tipo de quadro, os sintomas da Síndrome de Florença aparecem subitamente e variam entre: angústia, enjoo, vertigem, pânico, sudorese, falta de ar, taquicardia e até alucinações, quando em momento de contemplação de obras de arte ou monumentos de extrema beleza. Ainda segundo o site, esses sintomas se manifestam simultaneamente.

Algumas pessoas pensam que estão enfartando, outras acabam desmaiando, mas tomando os devidos cuidados, tudo voltará ao normal em pouco tempo.

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O que devo fazer?

Ao perceber que algo de errado está acontecendo, procure manter a calma e vá para longe do objeto que estava observando. Sente-se e respire fundo, preferencialmente em um lugar aberto e arejado. Nunca tenha vergonha de pedir ajuda, ainda que através de gestos.

As alterações provocadas pela Síndrome de Florença são passageiras e geralmente não têm consequências mais graves.

Isso é coisa de maluco?

Não necessariamente. Pessoas mentalmente saudáveis e emocionalmente equilibradas também podem sentir esse incômodo, que tende a se normalizar rapidamente.

A Síndrome de Florença é mais comum entre aqueles que são fascinados por obras de arte, em especial as do período Renascentista e carregam consigo certa bagagem cultural. Estas pessoas têm mais chance de se emocionar ao verem de perto os trabalhos de artistas renomados, como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Rafael, Botticelli, Caravaggio, etc.

Houve casos em que pessoas se tornaram mais agressivas e acabaram danificando algumas peças, conforme relatado em uma reportagem da revista Mente e Cérebro*. O David de Michelangelo, por exemplo, teve o pé danificado por um visitante que deu várias marteladas na escultura centenária.

* Atualização: em 20 de agosto de 2020, identificamos que o site da revista não estava mais no ar.

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Dostoiévski, escritor russo, também sofreu a Síndrome de Florença ao observar uma obra de Hans Holbein, a qual mostrava Jesus Cristo morto. Foi a esposa do romancista que relatou a reação dele:

“A visão do rosto inchado de Cristo após seu martírio desumano era terrível. (…) Fiodor permaneceu em pé diante do quadro com uma expressão oprimida. Olhá-lo me fazia mal, então fui para outra sala. Voltei 20 minutos depois e ele ainda estava lá, na mesma posição diante do quadro. Seu olhar exprimia medo. Levei-o para outra sala, ele se acalmou lentamente, mas insistiu ainda em tornar a ver o quadro que tanto o perturbara”.

E você, já sentiu algo parecido? Saberia identificar os sintomas e ajudar alguém que esteja passando pela Síndrome de Florença? Compartilhe sua experiência com a gente aqui nos comentários.

Onde ficar em Florença

Florença conta com vários hostels e hotéis espalhados pela cidade, mas o melhor é se hospedar no Centro Histórico, visto que não existe ônibus que circula por essa área. Recomendamos o Hostel Archi Rossi, que oferece excelente serviço por um preço totalmente acessível.

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Gisele Rocha

Formada em Comunicação Social pela UFJF. Andou meio mundo tentando descobrir o que queria fazer, até descobrir que queria mesmo era andar pelo mundo.

15 pensou em “Já te falaram sobre a Síndrome de Florença?

  1. Minha esposa, na primeira vez que encarou as obras de Van Gogh no Museu D’Orsay ficou sem ar e começou a chorar. Aconteceu a mesma coisa no Louvre.

  2. eu provavelmente vou ter alguma tipo de reacao vendo essas obras de arte, quase chorei la no musee d`orsay ahuae existe a sindrome de paris, mas eh diferente pois as pessoas esperam tanto que a cidade sera maravilhosa e acabam tendo um choque com a realidade ao descobrirem que nao eh tudo aquilo…

    a guria chega ai toda pimposa e escreve almenos

    1. Se não chorar na chegada, vai chorar ALMENOS na hora de ir embora. Hahhaha… Florença é uma cidade fascinante, até agora não sei pq eu voltei (sei sim, meu estágio terminou e meu visto ia expirar) :´(

  3. Olha, não sei se afirmar que foi sintomas da sindrome seria o correto, mas que eu particularmente fiquei arrepiada e suando frio ao me deparar com a Obra “A Primavera” de Botticelli dentro do museu Uffizi isso sim posso afirmar, pois foi magnifico ficar diante desta e de muitas outras obras em Florença(2012).

  4. EU chorei muito na Ponte de Londres. Comecei a chorar do nada. E Não conseguia parar. Muita emoção… Muita história, Sei lá… Foi uma sensação muito forte e particular

  5. Sempre gostei de arte. De todas, mas quando vi as obras de pintores impressionistas, que admirava muito, em Paris, devo confessar que me emocionei bastante, meus olhos marejaram. Nunca esquecerei a experiência. Não foi síndrome, foi paixão mesmo.

  6. Em Florença tive alguns instantes de vazio, quase tristeza, quase culpa por não conhecer tanta beleza, tantas emoções advindas das várias obras então visitadas.

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