Nômades digitais: ser produtivo é trabalhar oito horas por dia?
Conciliar viagens e trabalho não é trivial. Por mais que as coisas fluam melhor quando estamos satisfeitos com a vida que levamos, em algumas ocasiões é complicado: ora estamos querendo ficar longe do computador para aproveitar onde estamos, ora estamos turistando, mas ao mesmo tempo preocupados com a quantidade de trabalho que precisa ser entregue. O tempo parece não colaborar conosco.
Creio que por estarmos inseridos em uma sociedade onde a carga horária da grande maioria dos cargos é de oito horas diárias, tendemos a associar produtividade ao tempo trabalhado. Na verdade, produtividade nada tem a ver com a quantidade de tempo trabalhada. Quando queremos ser produtivos e olhamos para as horas, estamos travando uma batalha com o tempo, e lutar contra o tempo é, antes de qualquer coisa, uma batalha perdida.
Você deve estar se perguntando qual é o propósito das últimas palavras sobre tempo e produtividade. Quando estamos viajando, o tempo parece nunca ser suficiente. Como [link tag=”nomades-digitais”]nômades digitais[/link] e trabalhadores [link tag=”home-office”]home-office[/link], muitas vezes somos cobrados em tempo. Alguns freelas fixos que temos estão sempre perguntando quantas horas fizemos nas últimas semanas. A resposta geralmente não agrada. Mas o que não se enxerga é que o combinado é quase sempre entregue. Por que, então, associar tempo e produtividade? Nesse contexto, quando acordamos em qualquer momento de nossas viagens, nos questionamos se o dia vai ser de passeio ou de trabalho. Já passamos dias inteiros em cidades maravilhosas na frente do computador, tentando fazer de nosso tempo produtivo. Mas com a cabeça em outro lugar isso fica complicado.
E se não nos policiarmos a conciliar a disciplina necessária com a vontade de conhecer lugares, logo estaremos presos em uma vida onde o trabalho é cansativo demais e turistar nos deixa uma sensação de culpa.
Como eu disse, conciliar viagens e trabalho não é nada trivial. Vai muito além do planejamento de tempo. É necessário encontrar o ponto de equilíbrio que lhe permita viajar e ao mesmo tempo ser produtivo. E ser produtivo não significa conseguir dedicar uma fatia do tempo de seu dia às tarefas que lhe trarão um salário, mas sim conseguir terminar o que é necessário, de forma natural.
Um bom exercício é pegar uma folha de papel no começo do dia e listar as coisas que você deseja ter concluído até o final de seu dia. Essa lista precisa ser justa, acima de tudo: não adianta exigir de si mesmo uma grande quantidade de conquistas, afinal de contas a ideia aqui é dar conta do recado. Separe algumas tarefas simples, mesmo que não envolvam diretamente seu trabalho. Separe uma ou duas tarefas mais complexas e com essa lista em mãos, evite ao máximo acrescentar coisas ao longo dia, exceto os imprevistos que por ventura possam surgir.
Com essa lista em mãos, inicie seus trabalhos evitando ao máximo as distrações como redes sociais. A cada tarefa completada, risque sua listinha e tire alguns minutos de descanso. O ideal é não levar nem o celular para esse descanso. Se você já está levando uma vida nômade, isso fica ainda mais fácil: uma voltinha na rua, uma olhada demorada para um canto da paisagem ou qualquer outra coisa que seja novidade para você.
Volte ao trabalho e vá concluindo suas tarefas. Quando a lista acabar, é hora de desligar o computador e deixar o resto para amanhã. Se isso demorou duas, quatro, seis ou oito horas, não importa: você cumpriu o que queria fazer para aquele dia, então é hora de sair de onde estiver para fazer o que bem entender.
Esse é um modelo que funciona muito bem tanto para quem trabalha em casa, como quem leva um estilo de vida [link tag=”nomade-digital”]nômade digital[/link].
O ganho com essa técnica vai muito além da produtividade: seu bem-estar e satisfação também agradecerão. Com a sensação de dever cumprido ao final do dia, o sistema de recompensas de nosso cérebro estará ativado de forma natural e saudável. A culpa por achar que deveríamos estar trabalhando ao invés de passar o tempo fora de casa sendo “improdutivo” é reduzida e terminamos o dia satisfeitos. Por mais que haja muita coisa para fazer, ao cumprirmos a cota diária de tarefas, estamos mostrando a nós mesmos que nossa disciplina vai fazer com que nosso trabalho seja concluído, então, naturalmente o medo de não terminarmos tudo a tempo desaparece.
Você verá que o tempo não é seu inimigo. Em alguns dias você trabalhará mais, obviamente, em outros trabalhará muito menos. Isso pode parecer muito incerto, mas a vida não deve ser baseada em rotinas. Não é porque nossas antigas gerações disseram que devemos nos matar de trabalhar por oito ou mais horas por dia que essa é a única verdade.
As profissões e empresas estão evoluindo com relação às jornadas de trabalho, isso é nítido, a passos lentos, mas estão. Antes de mais nada, precisamos olhar para nós mesmos e refletir: nós já evoluímos nesse ponto?
Digo pela terceira vez: conciliar viagens e trabalho não é trivial, mas trabalhar todas as questões que servem de alicerce para esse modelo de vida é mais simples do que parece. A produtividade é uma delas.
Até o próximo artigo!
Ótimas informações! Nesse momento precisamos de ideias e dicas com essa para superar a crise! Parabéns pelo conteúdo!
Obrigada pelo comentário, Patrícia. Abraços!