Viajei Bonito

Planejamento de viagens e nomadismo digital

O que fazer em Paris durante uma conexão de 9 horas

Há quem fuja de voos com longas conexões porque aguardar durante horas e horas no aeroporto é cansativo e entediante. Não há free shop, soneca, leitura ou checada nas redes sociais que faça o tempo passar.

Mas quem disse que você precisa aguardar por todas essas horas dentro do aeroporto?

Tempos atrás eu fiz uma viagem a Roma e tive 9 horas para andar por Paris. Esse tempo incluía desembarque, deslocamento até o lugar escolhido e a volta ao aeroporto com o mínimo de uma hora de antecedência.

Parece pouco, né? Mas consegui fazer um tanto de coisas com total tranquilidade, sem correria, pois tive a sorte de poder contar com a ajuda de uma prima e o namorado francês, que conheciam bem a cidade. Sem eles, certamente eu teria me perdido e o tempo não renderia tanto.

Já que nem todo mundo tem um morador da cidade para mostrar o caminho, deixo aqui o roteiro do nosso breve passeio pela Cidade Luz.

Desembarque e saída do Aeroporto Charles de Gaulle

Parece que quando estamos com pressa as coisas tendem a desandar. O voo atrasou, a fila do desembarque era gigantesca e eu demorei a achar as pessoas que estavam me esperando. A previsão de chegada era às 8h no horário local e, pelo que consta no bilhete de trem que ainda guardo, só partimos em direção ao Centro às 10h44.

A forma mais barata e rápida de se deslocar saindo do aeroporto é através do trem RER-B, que funciona das 5h à meia noite e você acha fácil se seguir as placas. Atualmente ele custa 9,75€. Não tente embarcar com o passe convencional do metrô, pois se for pego pelo fiscal, você tomará uma multa bem puxada. Eu não aconselho taxi para quem quer economizar, pois uma corrida ao Centro não sai por menos de 60€ (mais 3,00€ por mala transportada, caso você esteja pensando em carregá-las ao invés de deixá-las no guarda-volumes do aeroporto).

O deslocamento do Aeroporto até o Centro levou cerca de 45 minutos. Pegamos o RER-B, descemos na estação Gare du Nord, pegamos a linha 2 e fomos até a estação Charles de Gaulle – Etoile.

Você também pode:

  • Descer na estação Châtelet-Les Halles e pegar a Linha A do RER ou a Linha 1 do metrô
  • Descer na estação Denfert-Rochereau e pegar a Linha 6 do metrô

Todas as três opções saem na estação Charles de Gaulle – Etoile, onde eu desci.

Fique esperto: não jogue o bilhete fora antes do final do trajeto. Além de ser pedido pelo fiscal, ele é necessário para sair da estação onde você vai sair.

Arco do Triunfo

Saí da estação Charles de Gaulle – Etoile e dei de cara com o imponente Arco do Triunfo.

Turistas aglomerados em frente ao Arco do Triunfo, um dos principais monumentos de Paris
Turistas aglomerados em frente ao Arco do Triunfo, um dos principais monumentos de Paris. Créditos: Gisele Rocha

Paramos para tirar algumas fotos e às 12h07 entramos no museu. A vista da parte superior do Arco é magnífica, com a Torre Eiffel, símbolo da cidade, bem ao fundo.

Sobre o monumento, um dos mais ilustres de Paris, ele foi construído a mando de Napoleão Bonaparte em 1806, após a vitória na Batalha de Austerlitz, para marcar as conquistas e vitórias de seu império. Na ocasião, declarou que seus soldados só voltariam ao lar “sob arcos de triunfo”.

E assim foi feito. O arco está localizado na Praça Charles de Gaulle, no final da Champs-Elysées e só foi inaugurado 30 anos depois da ordem de edificação, devido à derrocada do Império de Napoleão em 1815, na Batalha de Waterloo. Os arquitetos que fizeram o planejamento se inspiraram no arco Tito, da Roma Antiga, que, ao que dizem, era do gosto do imperador.

O lugar sediou diversas manifestações nacionais, como o recebimento das cinzas de Napoleão em 1840 e o desfile da libertação de Paris, em 1944. Trata-se de um lugar que até hoje representa o patriotismo e o orgulho francês. Por ironia do destino, também foi palco de celebração de invasores da França, como os nazistas em 1940.

Sobre a parte externa

A fachada é repleta de detalhes simbólicos, por isso merece ser observada atentamente. Nada está ali só por enfeite. São 50 metros de altura, 45 metros de largura e 22 metros de profundidade.

Na parte externa, figuras em alto-relevo ilustram as batalhas e conquistas do país. A fachada leste ilustra a partida, enquanto a fachada oeste retrata o retorno das tropas imperiais.

Dentre as mais conhecidas está “A Partida dos Voluntários”, chamada também de “A Marselhesa”. Nela, uma mulher com asas, simbolizando a Liberdade, evocando a partida de 200 mil homens para defender a França.

Le Départ des volontaires, "A Partida dos Voluntários"
Le Départ des volontaires, “A Partida dos Voluntários”. Créditos: Andy Hay / Fonte: Flickr

Já nas paredes internas estão gravados os nomes de 558 generais e 28 batalhas. Aqueles que representam os militares são divididos em mesas com as medalhas e as cruzes da Legião da Honra.

Na base algumas inscrições comemoram acontecimentos importantes, entre a proclamação da República (1870); a restituição da Alsácia e Lorena à França (1918), entre outros. Olhando para o chão é possível ver o Túmulo do Soldado Desconhecido da I Guerra Mundial, que foi construído em homenagem a este e a todos os soldados que morreram em combate. Desde 1923 a Chama Eterna (ou Chama da Memória) é acesa todos os dias às 18h30, impreterivelmente.

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Todas essas informações constam no flyer informativo distribuído no salão interior do monumento.

Sobre o interior

Colocando os pés dentro do monumento, chegamos à Sala do Ático, onde estão estátuas, maquetes e documentos. As palmas de bronze também são homenagens ao Soldado Desconhecido. Há também banheiros e uma livraria para comprar cartões postais, chaveiros e outras coisinhas.

A vertiginosa escadaria interna do Arco do Triunfo
A vertiginosa escadaria interna do Arco do Triunfo. Créditos: Gisele Rocha

Subindo uma infinidade de degraus da escadaria em formato de caracol, tem-se a vista panorâmica de toda a cidade. É incrível! De lá minha prima foi me mostrando os pontos e monumentos mais conhecidos da cidade.

Vista panorâmica a partir do alto do Arco do Triunfo, Paris, França
Vista panorâmica a partir do alto do Arco do Triunfo, Paris, França. Créditos: Gisele Rocha

Champs-Elysées e moules-frites

Saindo no Arco do Triunfo, caminhamos pela la plus belle avenue du monde, a Champs-Elysées. No caminho passamos por lojas de grifes luxuosas, cinemas, cafés, pela Laduréé (hum…) e, por fim, chegamos a um restaurante bem charmosinho, onde eu experimentaria pela primeira vez um prato delicioso da gastronomia local: moules-frites.

Na minha cabeça só passava: “mexilhões fritos… interessante, isso deve ser bom”, mas o prato consiste em mexilhões E fritas, batatas fritas. Foi bem melhor que o esperado. Delícia!

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Champ de Mars

Ir ao Champ de Mars (Campo de Marte) depois do almoço foi a melhor escolha que eles poderiam ter feito para o nosso passeio. Ficamos ali morgados, sentados na grama, respirando ar puro, comendo macarrons, admirando as flores e, claro, tirando fotos da Torre Eiffel.

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O Champ de Mars é um jardim enorme que fica aos pés da Torre Eiffel. Está sempre aberto, tanto durante o dia quanto à noite. E o melhor: é de graça! Na outra extremidade está a Escola Militar e atrás desta, o edifício da Unesco.

A Torre é muito diferente do que vemos nas fotos. Só de perto podemos observar cada detalhe e ter a noção do seu tamanho real. São 324m de altura e, quando foi construída (1889), era o edifício mais alto do mundo, até ser desbancada em 1931 pelo Empire State Building, de Nova York e posteriormente por alguns outros.

Se você quiser visitar a Torre Eiffel durante a sua conexão, é melhor não perder tempo.

Você sabia? Abaixo da primeira plataforma de observação da Torre estão gravados 72 nomes de personalidades ilustres na história da França. São: engenheiros, físicos, astrônomos, matemáticos, químicos, militares e políticos franceses. As homenagens foram feitas em reconhecimento a suas contribuições à República Francesa. Lavoisier, Ampère, Gay-Lussac, Fresnel e Foucault estão entre os nomes que você provavelmente se lembra caso tenha sido um bom aluno na escola.

Nomes de personalidades ilustres na história da França, gravados na Torre Eiffel
Nomes de personalidades ilustres na história da França, gravados na Torre Eiffel. Créditos: Juanedc / Fonte: Flickr

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Bem, foi um passeio muito proveitoso. Conheci alguns dos pontos mais importantes da cidade, degustei alguns mexilhões e relaxei em um parque belíssimo, tudo isso em ótimas companhias. Precisava estar de volta ao aeroporto às 16h, então pouco antes das 15h fomos embora.

Volta ao Aeroporto

Para voltar, o esquema é o mesmo: pegar um trem que te leve de volta, comprando o mesmo bilhete especial RER. Melhor que explicar citando os nomes das estações é mostrar o mapa do trem para que você trace o próprio caminho.

Mapa do Trem de Paris, França, que leva ao aeroporto
Mapa do Trem de Paris, França, que leva ao aeroporto. Créditos: RATP / Fonte: http://www.ratp.fr/

Existe também um ônibus da Air France que fica à disposição de todos, clientes ou não. Custa 17€, mas oferece desconto para grupos a partir de 4 pessoas e é gratuito para crianças de até 2 anos.

Um dos pontos dos ônibus da companhia fica na Place de l’Etoile (Arco do Triunfo).

Veja também o mapa do percurso que nós fizemos.

Percurso feito por Gisele durante 9 horas de conexão em Paris, França
Percurso feito por Gisele durante 9 horas de conexão em Paris, França. Créditos: Viajei Bonito / Fonte: Flickr

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Gisele Rocha

Formada em Comunicação Social pela UFJF. Andou meio mundo tentando descobrir o que queria fazer, até descobrir que queria mesmo era andar pelo mundo.

2 pensou em “O que fazer em Paris durante uma conexão de 9 horas

  1. Olá Gisele, você lembra em qual estação do metrô você entrou para voltar para o aeroporto depois do passeio? Foi a mesma, a estação Charles de Gaulle – Etoile?

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