Passando uma tarde na Lesser Quarter, em Praga
O que você lê no post de hoje é o roteiro de um dia em Praga, começando da Praça da Cidade Velha e finalizando na Ponte Carlos. Pode parecer engraçado, mas eu descobri que com esse roteiro seria possível concluir mais da metade da lista de locais que eu havia preparado para vários dias em Praga.
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Como chegar a Lesser Quarter
A grande maioria dos bons albergues e hotéis de Praga está localizada próximo à Praça da Cidade Velha. Por isso imagino que as chances de você também estar hospedado nas redondezas são grandes. Vou tomar isso como referência pra dar o pontapé inicial do roteiro.
Estando na praça em questão, só o fato de caminhar em direção à Lesser Quarter pode ser considerado um excelente passeio. Após alguns metros você estará na beira do Rio Moldava, que divide naturalmente a cidade. Do outro lado desse rio é possível observar vários dos pontos turísticos de Praga, inclusive a Ponte Carlos (Charles Bridge).
Pra poder fotografar essa ponte histórica, optei por atravessar uma ponte paralela, a deixando para o final. A vista do rio é fantástica. Vale muito a pena considerar atravessá-lo a pé, de forma que você possa parar por alguns minutos e observar a correnteza, os patos congelando seus rabos na água e seres humanos brincando nas bordas. Se tiver sorte, haverá músicos de rua ambientando as paisagens com canções típicas do país.
Curioso pra saber como são essas canções? Veja o vídeo abaixo que fiz enquanto atravessava a Praça da Cidade Velha.
O outro lado do rio
Ao atravessar para o outro lado do Rio Moldava, a sensação que dá é que você voltou alguns séculos no tempo. A Lesser Quarter preserva fielmente a arquitetura do século 18, com seus prédios e ruas muito bem conservados.
Na primeira praça que encontrei após alguns minutos de caminhada, houve uma grande surpresa: barracas típicas da Christmas Market. Sabe-se que essas barracas fecham um ou dois dias antes do Natal e só reabrem na véspera do Natal do ano seguinte. Mas aqui parece que tem gente atrasada ou queimando a largada. De qualquer forma, foi certa a parada pra tomar um vinho quente – particularmente detesto vinho quente, mas tenho que concordar que é uma excelente opção pra manter o corpo aquecido, principalmente após atravessar uma ponte com muito vento.
Outro detalhe na Malostranské námestí (calma, é só o nome da praça que eu estava) que me chamou bastante atenção foi o obelisco que acredito estar relacionado com a Maçonaria. No topo do monumento, provavelmente feito de ouro, se encontrava o famoso Olho da Providência, que, dentre as várias interpretações existentes, pode ser tido como o olho de Deus observando a humanidade. De qualquer forma não vou entrar nesse tipo de análise, mas achei que valia registrar aqui o achado. Você verá em breve que essa não foi a única referência ao olho que observei naquela tarde. Quem se interessa pelos livros do Dan Brown tem um prato cheio aqui em Praga.
A subida em direção ao castelo é uma atração à parte. Os comerciantes de todo tipo de segmento parecem disputar quem consegue chamar mais atenção do público com suas fachadas bizarras. São estátuas, bonecos, imagens assustadoras… vale de tudo pra se destacar em meio aos vários restaurantes e souvenir shops que compõem o caminho até o castelo.
Nos arredores do Castelo de Praga
Depois de atravessar o Rio Moldava, de me deparar com referências maçônicas, de tomar um vinho quente e de subir uma rua com vários comércios de fachadas interessantes, finalmente chego ao pé do Castelo de Praga, atração principal da capital tcheca.
As duas primeiras observações que naturalmente faço, sem esforço algum, são a diferença arquitetural dos telhados, que fica nítida quando se olha pra baixo, comparando os cenários separados pelo rio, além de mais um Olho da Providência, esse último mais discreto, no alto de uma casa de esquina, próxima a uma das várias entradas do castelo.
Tive muita sorte, pois cheguei à entrada do castelo exatamente no momento da troca de guarda. Tudo bem que peguei apenas o final da troca, mas consegui registrar três imagens. Não reclame! Este artigo não é sobre o tour pelo Castelo de Praga, então estou automaticamente perdoado por não fotografar melhor a atração.
Ao entrar no castelo, adivinha quem eu encontro? O Olho da Providência? Não! Mas foi quase… outra referência maçônica (acredito eu). Dessa vez um obelisco com uma pirâmide de ouro oca no topo.
Mas chega desse assunto. A Catedral de São Vito era o que mais se destacava nesse momento. Está vendo aquela gigante ali atrás do obelisco? Confesso que seu tamanho é assustador. Pra assustar mais ainda, a arquitetura gótica traz todo um clima macabro ao ambiente. Infelizmente as fotografias muitas vezes não conseguem registrar a sensação de vertigem que construções assim causam.
Você pode entrar na catedral gratuitamente. Entretanto, se quiser caminhar por todo seu interior é necessário adquirir um ingresso. De qualquer forma, da área gratuita já é possível ter noção do amplo espaço interno dessa construção histórica.
Gárgulas
Alguém se lembra do desenho Gárgulas, transmitido no Brasil nos anos 90? Não? Nem eu… mas quando pesquisei no Google por “gárgulas” esse programa apareceu nos resultados. E daí, né? Enfim… as gárgulas ao redor da Catedral de São Vito são fantásticas e também assustadoras.
Basicamente, sua principal função (falando assim parece que elas são vivas, não parece?) é a de escoar águas pluviais das paredes. Entretanto, acredita-se que nas catedrais de arquitetura gótica elas tinham também a função de lembrar às pessoas que o demônio nunca dormia, e por essa razão suas formas eram as de criaturas horripilantes, como você vê nas imagens abaixo.
Voltando pela Charles Bridge
Depois de ver as gárgulas eu saí correndo de medo, sem olhar pra trás. Óbvio que não, mas é que já estava na hora de voltar pra casa. Como havia planejado no início do roteiro, voltaria pela Charles Bridge pra encerrar o passeio com mais um dos pontos turísticos que planejei visitar.
A essa hora o Sol já estava se pondo e os turistas aproveitavam os últimos minutos de luz pra fazer poses nas várias estátuas de estilo barroco ao longo dos muros que cercam a ponte. Nunca vi tanto pau de selfie na vida como naquela hora.
O dia terminou pra mim com enorme satisfação e um sentimento de surpresa por conta de um passeio capaz de superar quaisquer expectativas. Você pensa: é só mais um bairro de uma capital qualquer. Não. É muito mais que isso. É uma volta ao tempo recheada de detalhes que você só captura com paciência e muito tempo pra observar com calma a região. Por isso, recomendo que você separe um dia inteiro pra Lesser Quarter.
Por sorte, ainda terei mais dias inteiros por aqui e pretendo escrever mais sobre Praga. Mas hoje eu fico por aqui. Se você gostou deste novo artigo da série 134 Dias de Mochilão pela África e Europa poste abaixo seus comentários, dúvidas e sugestões.
Nos vemos no próximo artigo.
Adriano Castro
Formado em Ciência da Computação pela UFJF, trabalhou durante 10 anos como analista de sistemas até chutar o balde e tocar a vida como freelancer, carregando seus projetos para onde quer que vá.
Praga com céu azul nas fotos!!! Linda!!!!
Ééééé, eu preferia nos dias em que o céu estava acinzentado e a neve comia solta, mas tenho que admitir que a cidade fica bonita, sim, com o ele azul. :P