Budapeste, a cidade que não dorme
Budapeste é simplesmente uma cidade fantástica! Ótima forma pra iniciar um artigo, não é? Você provavelmente arregalou os olhos ou franziu a testa ao ler isso, mas acredite, foi minha primeira reação ao chegar à capital húngara. E você saberá por quê.
Pra começar, a variedade de coisas pra se fazer pelas várias ruas do centro é enorme. Praticamente toda rua (principalmente em suas esquinas) tem seu pub, um restaurante, uma lojinha de bebidas 24 horas (você ainda vai ler muito as 24 horas neste artigo), monumento, algum casarão enorme que valha a pena tirar uma foto, dentre outras várias atrações que não me recordo agora pra escrever. Acredite, estou falando de várias ruas e não somente de uma localização em específico.
Se você leu um de meus últimos artigos sobre a Bratislava conheceu o famoso Christmas Market (Feirinha de Natal). Diferente um pouco de lá, Budapeste possui várias Christmas Markets que se estendem por vários quarteirões, em diferentes locais da cidade. A cidade inteira também entra no clima do Natal e todas as largas avenidas que cortam o centro são enfeitadas com piscas-piscas e outros adornos natalinos.
A paixão pelo Natal não é única por aqui. A cidade parece dividir seu amor também com os esportes, como futebol, hóquei e futebol americano. Todos os pubs que frequentei estavam constantemente exibindo reprises ou até mesmo jogos ao vivo das modalidades que citei, sempre com vários telões espalhados pelas mesas. Detalhe: a qualquer hora do dia. Exatamente agora enquanto escrevo este artigo, estou em um pub cujos telões estão reprisando o Monday Night Football, evento de futebol americano tradicional dos Estados Unidos.
Mas como ainda não é hora de falar de pubs e da vida boêmia da cidade, deixe-me voltar aos detalhes urbanos de Budapeste. Eu disse no começo do artigo que por aqui há várias estátuas e monumentos espalhados pelo centro. Uma dessas estátuas que você encontrará em grande quantidade, caso venha pra cá, são as de leões. Elas estão presentes na Chain Bridge, que é uma das principais pontes que atravessam o Rio Danúbio, no parque da cidade e em várias praças. Será comum encontrar turistas fotografando seus filhos montando nesses leões. Bom, somente nas estátuas menores, pois alguns desses leões têm o tamanho de um elefante.
Já que citei o Rio Danúbio, aqui vai uma curiosidade que talvez você não saiba: Buda e Peste eram duas cidades distintas que se uniram há várias décadas. É possível notar várias diferenças entre os dois lados do rio. Buda é montanhosa, com ruas confusas e com aspecto residencial. Já Peste faz parte de uma área plana, cujas ruas são extremamente organizadas e bem distribuídas por longas avenidas e mais exploradas comercialmente. Dificilmente você se perde em Peste, pois essas grandes avenidas servem como boa referência independente de onde você esteja.
Independente do lado em que você estiver saiba que a cidade é muito bem coberta por metrôs, por isso volto a reforçar: você não ficará perdido em Budapeste. Se na pior das hipóteses você se deparar em algum lugar desconhecido, basta conectar seu celular a uma das várias redes abertas distribuídas pela cidade que geralmente oferecem 30 minutos de internet grátis e então traçar seu caminho de volta no GPS.
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Mas agora é hora de entrar em mais detalhes sobre a capital húngara.
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Free Tour
O Free Tour é uma forma de conhecer o básico da história de Budapeste gastando pouco. Provavelmente o hotel ou albergue onde você se hospedará lhe dará um panfleto com informações a respeito da empresa que faz os tours “gratuitos”. Acalme-se, as aspas não indicam nenhuma espécie de golpe ou coisa do tipo. Acontece que esse tipo de empresa trabalha com pagamentos em forma de gorjetas e eles deixam isso bem claro no início: você só paga se gostar e o quanto quiser pagar. Não pense que no final haverá algum tipo de pressão ou algo que possa deixá-lo constrangido, pois o guia simplesmente deixa uma touca aberta pra que você coloque ali o valor que quiser, sem que ele mesmo veja o quanto colocou. Além do mais, se você não gostar do passeio é possível sair do grupo a qualquer momento, pois é tudo a pé.
O tour que eu fiz começou próximo à Praça Deák Ferenc tér, que é um local de convergência entre vários meios de transporte e linhas de metrô. Deve ser o lugar mais fácil de se chegar, independente de onde você esteja. Inicialmente o guia nos apresentou algumas ruas, contou um pouco da história dos antigos reis e falou sobre a gastronomia húngara.
Depois de uma hora e meia de história, igrejas e monumentos, atravessamos a Ponte Széchenyi Lánchíd, que liga Buda e Peste. Estamos no inverno, por isso dá pra imaginar o frio que fez na travessia com o vento que vinha cortando pelo rio? Não, não dá. Eu estava com duas blusas, luvas, touca, protetor no pescoço e mesmo assim precisava tampar as orelhas, mas tampar as orelhas significava deixar as mãos expostas ao vento. Por isso minha recomendação é que você se agasalhe muito bem caso faça a travessia da ponte no inverno ou então coloque no papel qual parte do corpo você menos gosta: as mãos ou as orelhas, pois manter as duas aquecidas nos dez minutos de caminhada pela ponte é impossível. Tá aí uma ótima oportunidade de refinar seu checklist de viagens, incluindo mais acessórios pra sua proteção.
A recompensa veio com a vista fantástica do Palácio Real e de Peste que você tem ao subir as escadas que se localizam próximas à saída da ponte. Pra quem tem o hobby de tirar fotos noturnas esse é o lugar certo. O parlamento é um show a parte que você vê lá do alto, se erguendo imponente na borda do Rio Danúbio. É um dos maiores parlamentos do mundo… aproveite, não é todo dia que você tem a oportunidade de ver uma obra faraônica dessas.
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O que fazer e o que não fazer em Budapeste
Ao final do tour, o guia deu pra cada um dos turistas um panfleto muito interessante, resumindo vários detalhes de Budapeste que todo mundo deveria saber. Nele há listas de pontos turísticos, bares etc, mas o que me chamou atenção foi um checklist do que fazer e do que não fazer por aqui. Interessante porque não é todo guia que se preocupa em ensinar os “podres” do lugar que é seu ganha pão. As dicas são interessantes e envolvem coisas que você não deve fazer pra não se dar mal por aqui. Entendo que isso seja importante, pois são detalhes que merecem ser conhecidos antes de vir pra cá. Por isso, caso você faça o tour nos primeiros dias de sua estadia, peça ao guia o panfleto.
Por que a cidade não dorme?
Vamos ao ponto que dá título a este artigo. Por que é que Budapeste não dorme? Como eu disse anteriormente, a variedade de bares e pubs por aqui é enorme. E o mais interessante é que vários deles são 24 horas, mas isso não é por acaso… as pessoas aqui gostam de sair à noite, todos os dias da semana, sem exceção. Ao andar pela cidade, independente do dia ou da hora da madrugada é certo que você encontrará movimento, desde pessoas sóbrias até gente engatinhando, escorando nos muros enquanto tentam andar, grupos cantando alto pelas ruas e outra infinidade de situações engraçadas.
São muitos os bares temáticos e pubs com música ao vivo. Vários deles se assemelham a casas de festa, mas com pequenas diferenças. Por aqui não é muito comum você encontrar lugares com comandas. Você paga na hora pelo que consome. Particularmente eu acho isso ótimo, pois facilita e muito o pub crawl, que é quando você percorre vários bares numa mesma noite, bebendo um pouco em cada um deles. Por aqui você não precisa nem andar demais, às vezes é só atravessar a rua e pronto: você já está em outro pub tão bom quanto o anterior.
Uma das grandes atrações pra quem curte a vida noturna são os ruinpubs (bares em ruínas), especialidade de Budapeste. Esses bares geralmente são montados em construções abandonadas, praticamente destruídas (literalmente, são ruínas) e possuem vários ambientes. Existe um site que lista alguns desses bares, com várias fotos. Para acessá-lo basta navegar por este link.
A cerveja, assim como na Bratislava, também é bem barata por aqui, talvez até mais. Os pratos de comidas típicas húngaras variam de cinco a dez euros, pelo menos até dezembro de 2014, quando escrevo este artigo. Bom, venha avisado de que na Hungria a carne é a base pra maioria dos pratos, então se você é vegetariano, procure uma lista de restaurantes especializados, caso contrário os cardápios poderão não agradá-lo muito.
Mas se você quer cozinhar em casa ou no albergue em que estiver hospedado aqui vai uma boa notícia: além dos bares, por aqui há vários mercadinhos 24 horas. Lembre-se… esta cidade não dorme!
Cardápio pra mochileiros
Pegando o gancho da vida noturna, das bebidas e das comidas, a dieta de um mochileiro que tem orçamento restrito em Budapeste se resume em pizza com cerveja! Uma fatia de pizza grande por aqui custa 200 forints, que equivalem a, aproximadamente, 0,64 euros! Os kebabs também são ótimas opções pra quem busca um prato executivo com arroz, batata, salada e frango. Dá pra matar um pouquinho da saudade do Brasil. Só fique ligado, pois aqui se você sair dizendo sim pra tudo que eles perguntam em húngaro, seu prato vai ganhar um banho de molho picante.
Agora que você já bebeu e comeu em Budapeste, hora de fechar o artigo com informações úteis e com alguns pontos turísticos que você consegue chegar facilmente a pé caso esteja no centro da cidade.
Kodály Circus
Em Budapeste, será muito comum você ouvir recomendações para visitar a Praça dos Heróis, que falo daqui a pouco no artigo. Se você está indo a pé, provavelmente encontrará no caminho uma mini atração que serve como um bonus track turístico.
Há uma rotatória muito interessante que fica no cruzamento da Avenida Andrássy com a Rua Felsoerdosor (não se preocupe, estou aqui há quase dez dias e ainda não sei pronunciá-las). Nesse lugar pouco explorado turisticamente, quatro estátuas de antigos heróis ocupam os quadrantes que resultam do cruzamento: György Szondy (1500–1552), Miklós Zrínyi (1508–1566), Bálint Balassa (1554–1594) e János Bottyán (1643–1709), que participaram nas guerras durante a invasão otomana. (Fonte: Wikipedia)
É o tipo de atração que você se surpreende pelo simples fato de descobrir ali mesmo enquanto está fazendo uma caminhada sem pretensões.
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Heroes’ Square
Continuando o caminho logo após a Kodály Circus, você chegará à Heroes’ Square (Praça dos Heróis). É realmente um lugar que merece sua visita caso você esteja em Budapeste. O local é uma praça enorme, com vários museus e grandes estátuas de antigos heróis húngaros.
Quem aqui já foi uma criança viciada em jogos de RPG (como eu) fica empolgado com as figuras retratadas pelas estátuas. São exatamente iguais às que eu via em jogos e filmes medievais: reis, cavaleiros, batedores etc. retratados em pedra. É algo bonito de se ver, todos lado a lado, em grupos distribuídos ao longo da praça.
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Parque da cidade
Logo após a Praça dos Heróis há o parque da cidade, que não deixa de ser uma excelente atração pra terminar o dia. São vários os setores do parque onde você poderá facilmente encontrar bancos livres e muita natureza pra descansar da movimentada Budapeste. Os moradores com seus cães treinados são um show a parte. Lembro-me exatamente da cena que valeu meu dia: um cão da raça braco húngaro de pelo curto corria atrás da bola que seu dono jogava. Ele realmente estava empenhado em procurar a bola e sempre que voltava a colocava nos pés do dono, ficava parado como se tivesse sido treinado a manter a postura e levantava a pata direita. E ele ficava assim até que a bola fosse jogada… porque nesse momento toda a postura era esquecida e ele se comportava como um labrador filhote empolgado correndo loucamente atrás da bolinha. Fiquei ali sentado por muito tempo observando aquela cena. Não era só ele, mas vários outros cães se divertiam no frio.
Outro elemento que dá ao parque uma atmosfera única são os corvos. Você provavelmente conhece o som que um corvo emite. Agora imagine um parque onde até o verde da grama e das árvores é pouco saturado, parecendo cinza, com muita neblina, frio, construções abandonadas, estátuas assustadoras de pessoas antigas e os corvos cantando aleatoriamente. Enquanto eu andava por ali sozinho no fim da tarde não pude deixar de pensar que era o cenário ideal pra um filme de terror. Se eu ouvisse uma serra elétrica começaria a correr loucamente como o cão que corria atrás da bolinha sem ao menos tentar entender o que era.
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Como chegar
Existem várias formas de se chegar à Budapeste, óbvio. Carro, ônibus, trem, avião, barco, andando… mas caso você esteja próximo, como por exemplo em Bratislava, a melhor opção é ir de ônibus, pois é mais barato. Além do mais, os trens podem dar a volta por Viena, na Áustria, encarecendo o percurso e aumentando o tempo de viagem.
Pelo levantamento informal que fiz com os turistas e mochileiros que encontrei pelo caminho, Bratislava – Budapeste estão quase sempre em sequência em seus roteiros. É muito convencional pra quem está fazendo um tour pelo leste europeu. Por isso considere as duas capitais, uma depois da outra. Você não pagará mais do que dez euros se optar por ir de ônibus, que leva apenas duas horas e meia no trajeto.
Saiba que você estará em uma das capitais mais importantes do leste europeu. Então o que não faltará são opções pra trazer você até aqui. Minha recomendação, como sempre, é: vá por terra e aproveite o percurso, as vistas etc.
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E lá se vai mais um destino
Foram dez excelentes dias em uma excelente cidade, muito completa e rica em atrações. Budapeste vai deixar uma saudade enorme e um sentimento de não ter visto tudo que era pra ver, mesmo tendo rodado por aqui todos os dias. Se você já esteve em Budapeste, não deixe de comentar abaixo suas experiências na cidade indormível. Compartilhe suas opiniões ou tire dúvidas, será um prazer esclarecê-las com o que eu pude descobrir por aqui.
Próximo destino: Graz, na Áustria! E é claro que vou contar pra você em um próximo artigo.
Nos vemos na próxima semana.
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Excelente post! Estou doida para ir em Budapeste e ir tbm nas piscinas de aguas termais!
Legal, Ana Beatriz. Quando fui fiquei de fora desse passeio, mas ouvi muito bem falar dele. Quando for à Budapeste pode contar com o Viajei Bonito! Qualquer dúvida é só falar!