Viajei Bonito

Planejamento de viagens e nomadismo digital

Praga para nômades digitais

No início de 2015, eu estava terminando um mochilão pela [link tag=”europa”]Europa[/link] e tinha três semanas para distribuir antes de voltar ao [link tag=”brasil”]Brasil[/link]. Como meu orçamento já estava quase esgotado e o cansaço físico por estar viajando há vários meses tomava conta de mim, decidi que iria para [link tag=”praga”]Praga[/link], na [link tag=”republica-tcheca”]República Tcheca[/link] e ficaria por lá até o dia da volta.

Se você acompanhou todos os artigos da série 134 Dias de Mochilão pela África e Europa, você sabe então como fiz para conciliar essa viagem com meus trabalhos. O plano era passar os dias da semana em uma cidade e usar os finais de semana para migrar. Dessa forma eu conseguia me dedicar aos freelas e à minha empresa, “turistando” nas janelas que sobravam nesses dias.

E deu muito certo! Aos poucos comecei a encontrar uma fórmula que funcionava muito bem para mim: trabalhar durante as manhãs no próprio albergue, tirar três horas de almoço para comer e conhecer um ou dois pontos turísticos, trabalhar à tarde dentro de alguma cafeteria e a noite sair para conhecer mais partes das cidades.

Quando cheguei à Praga, saindo de Amsterdã, não imaginava que fosse dar mais certo do que já estava dando. Meus últimos dias na Europa foram produtivos tanto em termos de trabalho quanto na riqueza cultural que obtive me comportando quase como que um morador da cidade. Foi um momento onde o nomadismo digital se mostrou efetivo e várias de minhas viagens posteriores tiveram esse episódio como inspiração.

Escrevo esse artigo para mostrar a você como é possível carregar seu trabalho pelo mundo, ser produtivo e ainda assim visitar lugares como todo bom turista.

Para começar, a primeira preocupação de quem trabalha remotamente deve ser não somente a disponibilidade de internet livre para os hóspedes, como também a qualidade da conexão. De nada adianta se o albergue tiver uma Wi-Fi que cai o tempo todo ou que é muito lenta, por isso sempre olho os comentários e avaliações feitas por quem já se hospedou no lugar.

Na ocasião me hospedei no Hostel Prague Tyn por ter levado em consideração tanto a internet quanto a estrutura da sala comum. Eu precisaria passar 21 dias por lá e não teria coluna para trabalhar sentado apenas em sofás ou na cama. O que bateu o martelo para esse albergue foi o fato de que havia cadeiras e mesas, ideal para se montar um escritório temporário. É óbvio que a localização e o preço também foram fatores complementares nessa hora.

Meu dia se resumia a acordar cedo (bem cedo) e pegar uma das mesas livres que tivessem pelo menos uma tomada por perto. Meu notebook, celular, cabos, livros e todo o material que eu precisava para tocar meu trabalho ocupava uma mesa inteira, e ainda tomava meu café ali mesmo. Se acordasse um pouco mais tarde, era certo de que as mesas estariam ocupadas e eu precisaria trabalhar em outro lugar.

Meu "escritório" improvisado no Hostel Prague Tyn
Meu “escritório” improvisado no Hostel Prague Tyn. Créditos: Adriano Castro

Um bom fone de ouvido que abafe o som externo é essencial nessas horas, por que as pessoas vão chegando para tomar café quase que eufóricas. Gritam, falam alto e fazem muito barulho enquanto você está trabalhando. Não havia como exigir que sosseguem um pouco, afinal de contas era eu o diferente ali.

Eu tirava em média 3 horas de almoço por dia. O hostel em questão era muito próximo à Old Town Square, então a grande maioria das atrações turísticas estava a poucos minutos de caminhada dali. Bastava empacotar tudo na mochila, incluindo o notebook, e sair pela cidade.

Lennon Wall, em Praga, República Tcheca, com artistas de rua
Lennon Wall, em Praga, República Tcheca, com artistas de rua. Créditos: Adriano Castro

Entre 11:00 e 16:00 os cafés ainda estão abrindo e muitos deles permanecem vazios. Os ambientes dos cafés europeus são muito favoráveis a uma tarde de trabalho, principalmente no inverno, quando as janelas estão cobertas de neve. O centro de Praga é perfeito para isso: são muitas as cafeterias com internet livre e de qualidade.

Vale lembrar também que a capital tcheca é uma cidade muito barata, então tomar um café e fazer um lanchinho à tarde em suas cafeterias não agride tanto o bolso.

Quando o sol começava a se pôr era hora de voltar para casa, mas não antes de visitar mais uma atração antes que a noite chegasse por completo. E assim terminava um dia de expediente muito inspirador. No lugar de 10 horas de trabalho cansativas e maçantes, eu me restringia a 6 horas extremamente produtivas. No lugar de um escritório fechado, eu experimentava vários ambientes diferentes. No lugar de um metrô lotado na hora de voltar para casa, caminhava pelas ruas cobertas de neve e praças tomadas por turistas e artistas de rua.

Entretanto, o maior aprendizado que tirei disso é que é perfeitamente possível fazer o mesmo no Brasil. Essa experiência que durou meses me fez olhar minha cidade com outros olhos e até hoje ainda pratico esse esquema de horas e lugares. Além de ser produtivo e inspirador, a sensação de liberdade é impagável.

A vantagem de ser um

[link tag=”nomades-digitais”]nômade digital[/link]

 é poder moldar seu ambiente de trabalho da forma mais funcional de acordo com as suas necessidades, horas produtivas e momentos de descanso. Pode ser que você encontre essa fórmula em seu dia-a-dia, mas nada como uma viagem para incentivar a criatividade e permitir que esquemas como esse sejam criados.

Espero que as ideias nesse post lhes sejam úteis e sirvam como inspiração. Uma coisa eu garanto: ter disciplina quando se tem prazer com o que faz é fácil.

Adriano Castro

Formado em Ciência da Computação pela UFJF, trabalhou durante 10 anos como analista de sistemas até chutar o balde e tocar a vida como freelancer, carregando seus projetos para onde quer que vá.

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