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O que fazer em Alter do Chão: praias, passeios e pousadas

Quem procura o que fazer em Alter do Chão encontra muito mais do que paisagens fotogênicas. É possível fazer passeios de barco pelos rios Tapajós e Arapiuns, conhecer ilhas de areia que surgem e somem conforme o nível das águas, caminhar por trilhas em áreas de preservação, visitar comunidades ribeirinhas e saborear uma gastronomia rica em peixes frescos e ingredientes típicos da região.

Apesar de muitas vezes ser chamado de “Caribe Amazônico”, a verdade é que Alter do Chão é um lugar incomparável. Sua beleza é única, moldada pela floresta, pelo volume das águas e pela cultura local que enaltece a ancestralidade.

Neste guia completo, você vai descobrir como chegar, quando viajar, quantos dias ficar, onde se hospedar e quais passeios realmente valem a pena.

Você vai encontrar muito o que fazer em Alter do Chão, seja na vila ou na natureza. Então, para facilitar, dividi as atrações por categorias.

Igreja Nossa Senhora da Saúde

Nossa Senhora da Saúde é a padroeira dos índios Boraris e em homenagem a ela foi erguida uma singela matriz em estilo barroco com altar esculpido seguindo padrões estéticos do rococó. Se tiver a sorte de encontrá-la aberta, não deixe de entrar e fazer um pedido.

Praça Sete de Setembro

Se durante o dia as barraquinhas de artesanato são a grande atração, à noite o local fica ainda mais movimentado com apresentações de artistas locais. Há também muitas barraquinhas que vendem comidas regionais a módicos R$ 15. 

Foi com elas que me fartei durante a viagem. Quer sobremesa? Prove alguns sabores exclusivos da Sorveteria Alter nas Nuvens. Recomendo o de caipirinha de cupuaçu.

Araribá Cultura Indígena

A loja reúne artigos produzidos por mais de 80 grupos indígenas. É possível encontrar de tudo um pouco: cestos de palha, redes, cocás, brincos, colares, bolsas, roupas e objetos decorativos. Os preços são bons e fazem jus à exclusividade de cada peça.

Inclusive, essa é uma ótima opção para quem procura o que fazer em Alter do Chão em dias chuvosos. Vou mostrar outras opções ao longo deste texto.

Praias em Alter do Chão

As praias de Alter do Chão surgem quando os rios Tapajós e Arapiuns baixam, revelando faixas de areia branca banhadas por águas mornas e tranquilas. Algumas são mais animadas, com barracas e restaurantes, enquanto outras são perfeitas para quem busca sossego e paisagens quase intocadas.

Vou mostrar aqui todas as que eu conheci!

Ilha do Amor

A Ilha do Amor é o cartão postal de Alter do Chão. Não há palavras para adjetivar tanta beleza! Para ir até lá é preciso fazer a travessia de canoa, que demora eternos 5 minutos para chegar do outro lado. O preço é de R$ 5 por barco, valor que pode ser dividido com até mais quatro pessoas.

A melhor época para conhecer a Ilha do Amor é durante o verão amazônico, entre agosto e dezembro. Nos outros meses ela fica coberta pelo rio e perde o seu encanto.

A parte central da ilha é tomada por quiosques e mesinhas, que com seus telhados de palha conferem ainda mais charme ao local. Você pode escolher entre se banhar nas águas do Tapajós, onde as embarcações param, ou no lado voltado para o Lago Verde, que eu particularmente gosto mais por ter águas mais cristalinas. 

Se estiver aqui no fim da tarde ou no comecinho da manhã, aproveite para subir a Serra da Piraoca, um mirante natural com vistas maravilhosas. Darei detalhes sobre o passeio mais abaixo.

Vista da Ilha do Amor em Alter do Chão, Pará
Vista da Ilha do Amor em Alter do Chão, Pará. Créditos: Lumion Fotografia

Praia do Cajueiro

A Praia do Cajueiro é um lugar lindo e com boa estrutura localizado a poucos passos da pracinha central. Dá para passar o dia inteiro sentado em uma cadeira com os pés na água, se deslumbrando com a vista privilegiada da Ilha do Amor.

Praia do Cajueiro, Alter do Chão
Praia do Cajueiro, Alter do Chão. Créditos: Gisele Rocha

Praia do C.A.T

A Praia do C.A.T é uma das mais fáceis de conhecer em Alter do Chão, porque o acesso pode ser feito a pé, não precisa de barco. Talvez seja justamente por essa facilidade que muita gente passa por ela sem dar o devido valor.

O nome vem do Centro de Atendimento ao Turista (CAT), que fica bem em frente, logo na entrada do vilarejo. É uma praia mais visitada por moradores locais e eu tive a sorte de passar ali em um dia que as pessoas estavam tocando música. A vista do pôr do sol também foi um ponto alto.

Praia do Pindobal

A Praia do Pindobal é uma das mais queridinhas dos viajantes e precisa estar na sua lista com o que fazer em Alter do Chão. Ela fica a cerca de 15 km do centro, com acesso por estrada de terra que pode ser feito em poucos minutos de carro, moto-táxi ou até de bicicleta, para os animados.

O cenário é marcado por uma longa faixa de areia branca, banhada pelas águas claras e rasinhas do Tapajós. É possível alugar caiaques e stand up paddle, ou simplesmente relaxar a tarde inteira e esquecer da vida.

Por se tratar de um ponto de parada de diversos passeios, Pindobal acaba ficando lotada, sobretudo na hora do almoço e aos finais de semana. Se você estiver indo por conta própria, recomendo que organize o seu roteiro para chegar em horários alternativos.

A qualquer hora você encontra barracas de palha servindo peixe fresco, tacacá, sucos e, claro, aquela cerveja gelada.

Ponta do Cajutuba​

Com areias douradas e águas cálidas, a Ponta do Cajutuba é um lugar para ninguém botar defeitos e também fica na cidade de Belterra. 

É um refúgio às margens do Rio Tapajós, cercado por florestas verdejantes, ideal para quem quer se desligar do mundo e imergir na natureza. Não há quiosques ou restaurantes, por isso é necessário trazer alimentos e bebidas. Evite materiais descartáveis e carregue todo o lixo de volta com você.

Praia de Aramanaí

A Praia de Aramanaí é apreciada pela sua tranquilidade e é frequentada principalmente por moradores das cidades vizinhas que fogem das aglomerações típicas da alta temporada.

Estando aqui, aproveite para fazer um passeio de canoa e dar um mergulho delicioso nos igarapés de águas translúcidas. Se precisar, peça informações aos moradores locais, eles são sempre solícitos.

Praia de Maguari

A praia de Maguari é a mais remota das praias de Alter do Chão e está localizada em uma das entradas da Floresta Nacional do Tapajós.

Eu fiquei maravilhada com toda aquelabeleza natural intocada. A temperatura da água também estava uma delícia!  Lá não tem restaurantes e quiosques, então é bom levar os seus próprios lanches e líquidos.

Aproveite para conhecer a comunidade local, caminhar pela mata na companhia de um guia credenciado e acompanhar a coleta de látex, que aqui se transforma em produtos ecologicamente corretos.

Ponta do Muretá

A Ponta do Muretá permanece deserta durante o dia e só começa a receber visitantes no fim da tarde, quando os barqueiros levam seus passageiros para apreciarem o pôr do sol.

A praia é rodeada por vegetação nativa e não há qualquer estrutura turística. Leve o que for consumir, mas não deixe lixo na areia.

Ponta de Pedras

As águas são tranquilas e seguras para crianças, já que há poucas ondas e a profundidade vai aumentando gradativamente.

A Ponta de Pedras é amparada por boa infraestrutura, com bares, restaurantes, quiosques e mesas às margens do rio. Não deixe de experimentar o charutinho, um peixe muito gostoso. É de lamber os dedos!

Praia de Carapanari

Tranquilo refúgio banhado pelo rio de ondas preguiçosas, que relaxam só de olhar. Assim é a praia de Carapanari, onde o Rio Tapajós se espalha em piscinas naturais de águas quentes e areias finas.

É aqui que se encontra a famosa Casa do Saulo, um restaurante magnífico que serve saborosos pratos da gastronomia local e de quebra tem uma vista inigualável da praia.

Ele definitivamente precisa estar no seu roteiro de Alter do Chão, mas leve em conta que costuma ficar lotado durante os fins de semana e feriados, fazendo com que o atendimento seja mais lento que o habitual.

Ponta do Cururu

Assim como em Muretá, a Ponta do Cururu fica pouco movimentada durante o dia e se enche de gente durante o pôr do sol. Por se tratar de uma praia deserta, não há opções de restaurantes e barraquinhas por perto. Leve água, alimentos e tudo o que precisar, mas recolha o seu lixo ao sair.

Pôr do sol na Ponta do Cururu
Pôr do sol na Ponta do Cururu. Créditos: Gisele Rocha

Praia de Caracaraí

A Praia de Caracaraí costuma ser menos movimentada que as outras praias de Alter do Chão, já que se encontra a 20km do centro do vilarejo.

Parece repetitivo, mas não há como não dizer que ela também é fabulosa, com suas areias cor de farinha, banhadas pelas águas escuras e serenas do rio Arapiuns, enquanto a floresta fecha o quadro como uma moldura verde.

Há algumas barracas simples que servem peixe fresco, camarão e bebidas geladas. A estrutura é básica, mas justamente esse clima rústico é o que conquista quem prefere lugares autênticos, longe da agitação.

Praia de Ponta Grande

O acesso à Praia da Ponta Grande só é possível de barco, mas vale cada minuto da viagem, principalmente quando o roteiro inclui uma visita à comunidade de Coroca, que por sua vez tem um projeto lindo de proteção às tartarugas.

A praia é formada por um banco de areia enorme que avança sobre Rio Arapiuns, com água cristalina dos dois lados e um silêncio que faz esquecer do mundo.

Aliás, quando pesquisei sobre o que fazer em Alter do Chão, quase não encontrei menções a esse lugar. A praia é pouco conhecida e só recentemente os barqueiros passaram a incluí-la nos roteiros. Não há barracas nem som alto, apenas natureza. É o paraíso!

Passeios de barco em Alter do Chão

Os passeios de barco em Alter do Chão são a melhor forma de explorar região. Navegando pelos rios Tapajós e Arapiuns, você descobre ilhas que surgem e desaparecem ao longo do ano, praias quase desertas, igarapés de águas cristalinas e comunidades ribeirinhas cheias de histórias.

Lago Verde e Floresta Encantada

Durante o período de cheia, entre janeiro e julho, a faixa de areia que separa o Lago Verde e o Rio Tapajós é coberta pela água, assim eles se tornam um só, dando origem à Floresta Encantada.

Dá para passear de canoa entre as copas das árvores, uma vez que os troncos estão submersos. Já no período de seca, durante agosto e dezembro, é possível tomar banho nos igarapés do Camarão e do Macaco, além de fazer caminhadas na mata.

📌 DICA EXCLUSIVA! Os passeios de barco que saem de Alter do Chão custam R$ 400, mas pegando uma das canoas que saem do Restaurante Caranazal, o mesmo trajeto sai a R$ 30 por pessoa.

Lago Preto

O cenário é paradisíaco, com dunas de areias brancas, vegetação preservada e águas cristalinas. Durante a época da cheia, é possível passear de barco entre a copa das árvores.

O Lago Preto tem esse nome por causa da cor escura da água, resultado da decomposição da matéria orgânica da floresta. Mas não se engane, as águas são limpas, mornas e ótimas para banho, tão límpidas que é possível ver peixinhos e o fundo de areia.

Lago e Praia do Jacaré

O Lago e a Praia do Jacaré são lugares lindíssimos e pouco explorados, com águas calmas e mornas, cercado de floresta, o que o torna um ótimo ponto para quem gosta de nadar ou simplesmente relaxar em contato com a natureza.

O barqueiro nos contou que o filme infantil Tainá 3 teve cenas gravadas aqui, mostrando diversas paisagens naturais da região.

Canal do Jari

Passear pelo Canal do Jari é imperdível! Não só pela possibilidade de ver o encontro do Rio Amazonas com o Tapajós e ter a chance de observar pelo caminho botos, jacarés, garças, preguiças, macacos e muitos outras espécies da fauna local.

O que torna esse passeio ainda mais especial é a parada na casa da Dona Dulce, uma mulher que inovou ao preparar incontáveis receitas usando como base um único ingrediente: vitória-régia.

Ela faz espetinhos, quiches, tortas, doces e até pipoca! Já participou de programas televisivos e em breve lançará um livro com suas receitas. A degustação custa apenas R$ 30.

Em meio às vitórias-régias na casa de Dona Dulce, no Canal do Jari
Em meio às vitórias-régias na casa de Dona Dulce, no Canal do Jari. Créditos: Viajei Bonito

Trilhas em Alter do Chão

Percorrer as trilhas de Alter do Chão é a chance de ver, ouvir e sentir a potência da Amazônia. Os caminhos revelam árvores centenárias, igarapés de águas cristalinas e miradouros de onde se vê o encontro do Tapajós com o Arapiuns.

Algumas trilhas precisam ser acompanhadas de guias cadastrados, que são moradores das comunidades ribeirinhas e conhecem cada canto da mata, garantindo que o passeio seja feito com segurança.

Esses guias não apenas orientam o caminho, mas compartilham histórias, costumes e tradições. Contratá-los é também um gesto de respeito e contribuição para a economia local, fortalecendo o vínculo entre turismo e preservação cultural.

Serra da Piraoca

A Serra da Piraoca é acessível por uma trilha que tem início na Ilha do Amor, andando pela margem esquerda de quem segue em direção ao monte.

A trilha é fácil, plana na maior parte do tempo e com uma subida íngreme no final. Quem aguenta os 40 minutos de caminhada chega a um mirante a 110 metros de altura que oferece uma vista 360 que engloba a ilha, o Lago Verde, o Rio Tapajós, a Ponta do Cururu e parte de Alter do Chão. 

Planeje-se para ir durante o entardecer, pois a visão do pôr do sol é estupenda!

Flona - Floresta Nacional do Tapajós​

Esse é um passeio que não pode ficar de fora da lista de quem busca o que fazer em Alter do Chão. A caminhada pela Floresta Nacional do Tapajós, ou simplesmente Flona, é daquelas experiências que deixam marcas profundas.

Criada em 1972, essa unidade de conservação de uso sustentável abrange 650 mil hectares de floresta amazônica, onde comunidades ribeirinhas vivem em harmonia com a natureza, preservando tradições e compartilhando conhecimentos ancestrais com os visitantes.

Na Flona é possível escolher entre diferentes trilhas, cada uma revelando um aspecto único da floresta:

  1. Trilha curta (2 horas): ideal para quem tem pouco tempo ou não quer se cansar demais. O passeio inclui ainda canoagem por igarapés, onde a água reflete o verde da mata como um espelho.
  2. Trilha de Maguari (13 km, cerca de 6 horas): a estrela do caminho é a sumaúma milenar, conhecida como “Vovózona”. Com cerca de 80 metros de altura e raízes imensas em formato de asas, seu tamanho equivale a um prédio de 25 andares, é impossível não se sentir pequeno diante dela.
  3. Trilha de Jamaraquá (9 km, cerca de 4 horas): foi a que escolhi, e cada trecho trouxe descobertas. Vi plantas medicinais usadas pelos moradores locais, acompanhei a extração do látex das seringueiras e me emocionei diante de uma sumaúma de “apenas” 200 anos, considerada ainda jovem. O trajeto termina com um mirante de onde se avista o rio Tapajós e um banho refrescante no igarapé, recompensa perfeita para fechar a caminhada.

Independentemente da trilha escolhida, é primordial ir com sapatos fechados e, de preferência, de calça. Leve roupa de banho e toalha para os banhos de igarapés e alguma coisinha para comer e beber durante a caminhada. O almoço pode ser comprado à parte na comunidade.

O que fazer em Alter do Chão com chuva?

O inverno amazônico é marcado por chuvas intensas, mas geralmente em pancadas fortes no fim da tarde, que duram pouco. É raro passar o dia inteiro chovendo. Nesse período, que vai de dezembro a maio, as praias somem porque o rio sobe, mas em compensação, os igarapés e a floresta ficam ainda mais exuberantes.

Se você marcou a viagem para esse período, não desanime, porque é fácil encontrar o que fazer em Alter do Chão com chuva. Vou te mostrar!

Passear pelo centrinho

Se a chuva estiver leve, vale passear pelo centrinho de Alter do Chão. A Igreja de Nossa Senhora da Saúde, a orla e a praça principal ficam pertinho uma da outra e rendem uma boa caminhada.

No caminho, passe no Centro de Atendimento ao Turista para descobrir novos passeios e conferir os eventos que estarão acontecendo durante a sua estadia.

Se sua visita cair num sábado, aproveite também para conhecer as feirinhas de artesanato.

Experimentar a gastronomia local

A chuva pode ser o pretexto perfeito para se jogar nos sabores da culinária paraense e amazônica. Há muitos restaurantes incríveis em Alter do Chão, mas quando a chuva aperta vale priorizar os que têm espaço coberto, como Ty Comedoria, Farol da Ilha, Tribal e o Siriá (este último ideal para veganos e vegetarianos).

Os peixes amazônicos têm sabor marcante e são sempre preparados de um jeito especial. Entre os mais famosos estão o tambaqui assado na brasa, o pirarucu de casaca, o filhote ao molho de tucupi e, claro, os peixinhos fritos que chegam à mesa crocantes.

E não dá para falar de culinária paraense sem citar o tacacá e a maniçoba. São pratos que costumam dividir opiniões, mas fazem parte da alma da região. Prová-los é quase um rito de passagem para quem visita a Amazônia.

Visitar ateliês de cerâmica tapajônica

Outra opção sobre o que fazer em Alter do Chão em dias chuvosos é visitar um ateliê de cerâmica tapajônica.

O Ukara Wasú, por exemplo, é um espaço comunitário onde os ceramistas mantêm vivas as técnicas ancestrais ligadas à cultura indígena da região.

Além de levar para casa peças únicas, é possível participar de oficinas e aprender o processo de criação. Assim, você vive uma experiência cultural e ainda apoia os artistas locais.

Comprar artesanatos

Além da Araribá Cultura Indígena, que mencionei no começo deste guia, há também a Lalah Amazônia. Mais do que simples lojas de lembrancinhas, elas funcionam quase como galerias de arte, reunindo objetos do cotidiano indígena que contam histórias dos povos tradicionais da Amazônia.

Na Araribá, você encontra arcos, zarabatanas, bordunas, cestos, remos, colares, máscaras e até instrumentos musicais.

A Lalah Amazônia, por sua vez, valoriza o trabalho de mulheres indígenas e ribeirinhas, que criam peças usando matérias-primas simples como sementes, fibras e miçangas. Lá dá para comprar brincos, colares, pulseiras e outros adornos cheios de significado.

Essas duas lojas vão muito além da relação de compra e venda, são programas culturais riquíssimos, até para dias chuvosos.

Ouvir o barulho da chuva

Se tiver caindo uma chuva torrencial que não deixe a mínima possibilidade de sair do hotel, aceite. Deite na rede da sua pousada em Alter do Chão e escute o barulho da chuva e sinta o cheiro da terra.

Aproveite para puxar assunto com os funcionários, se ainda não tiver feito isso. Eles certamente têm muitas histórias interessantes para contar sobre a vida na Amazônia, as lendas, as alegrias e os desafios.

Aliás, se você ainda não viu o nosso guia de hospedagem em Alter do Chão, agora é uma boa hora!

O que fazer em Alter do Chão à noite?

Alter do Chão não é um destino de vida noturna agitada, mas quem busca experiências autênticas encontra excelentes opções.

Quinta do Mestre

Descobri esse lugar por acaso. Estava vagando pela rua quando fui atraída pelo ritmo do carimbó. Era noite de terça-feira e Mestre Chico estava ensaiando com seu grupo. Nem preciso dizer que em pouco tempo outras pessoas foram chegando e se juntando em uma festa espontânea. Foi lindo!

Depois, fiquei sabendo que o evento principal acontece às quintas-feiras com o nome de Quinta do Mestre e a Sereia. Nesse dia, Mestre Chico e outros músicos colocam todo mundo para sentir o ritmo do carimbó.

A cada semana, uma “Sereia” convidada sobe ao palco e faz a saia colorida rodar no compasso da música. Participar desse evento foi uma das melhores coisas que eu fiz em Alter do Chão!

Local: Centro de Referência do Carimbó Mestre Chico Malta
Horário: quinta-feira, às 21h
Preço: evento gratuito

Quinta do Mestre em Alter do Chão
Quinta do Mestre em Alter do Chão. Créditos: Filipe Peçanha

Dona Glória

O nome oficial é Lanche D’ Glória, mas é popularmente chamado de Bar da Dona Glória. Aqui não tem cardápio, você chega e pergunta o que tem para o dia e é isso.

Os petiscos são deliciosos e têm tudo a ver com o estilo despretensioso do estabelecimento, com mesas e cadeiras de plástico dispostas ao ar livre, coberta por toalhas de chita.

Esse é o point de Alter do Chão nas noites de sexta-feira, quando acontece o famoso Chorinho, que com o avançar da hora se mistura com samba, brega e tudo mais o que for pedido.

Todas as mesas ficam lotadas, então, se você faz questão de uma, chegue com horas de antecedência.

Local: Lanche Dona Glória
Horário: sexta-feira a partir das 20h30
Preço: evento gratuito

Maniva & Co

O Maniva & Co também tem se firmado como uma opção para o que fazer à noite em Alter do Chão, embora o calendário de apresentações não seja tão bem divulgado nas redes sociais do bar.

A casa varia entre samba, pagode e carimbó, então é só passar por lá no fim de semana e se deixar surpreender.

Além da música, o bar capricha nos drinks autorais e nos pratos feitos com ingredientes da região. Tudo isso em um ambiente superagradável, com mesas na areia e luzes incandescentes que deixam o clima mais intimista.

Local: Maniva, Bar & Co
Horário: todos os dias, exceto terça-feira, das 20h às 1h.
Preço: evento gratuito

Bate e voltas a partir de Alter do Chão

Se você estiver viajando de carro ou se dispuser de um pouco mais de tempo para utilizar o transporte público, poderá conhecer outros lugares cheios de história.

Santarém

Embora Alter do Chão seja o vilarejo mais turístico da região, é em Santarém que ficam a principal estrutura e os acessos. A cidade serve como base, com aeroporto e terminal rodoviário que conectam a outros destinos do Pará.

Vá ao Mercado do Peixe pela manhã e se encante com os botos saltando na água para pegarem os restos de peixe que os vendedores jogam.

Também vale a pena visitar a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, a Igreja Matriz e construção mais antiga de Santarém.

Entre os museus, dois merecem destaque. O primeiro é a Casa da Dica Frazão, estilista que revolucionou a moda no Norte do Brasil ao criar peças com fibras de árvores, sementes e materiais da floresta. Suas criações já vestiram personalidades como Juscelino Kubitschek, o Papa João Paulo II e até a rainha da Bélgica.

O segundo é o Museu João Fona, parada obrigatória para quem gosta de história regional. Ali você vai encontrar peças que ajudam a entender a colonização da região e a riqueza da cultura amazônica.

Leia mais sobre o que fazer em Santarém em um bate e volta.

Distância: 36 km
Tempo de deslocamento: 40 minutos

Belterra

Belterra nasceu como um projeto da Ford na década de 1930, quando Henry Ford tentou implantar no Brasil uma “cidade modelo americana” para a produção de látex. Até hoje é possível caminhar pelas ruas arborizadas e ver as casas de madeira no estilo norte-americano, que destoam totalmente do padrão amazônico.

Vale a pena conhecer a Igreja de Santo Antônio, no coração da cidade, e observar como o traçado urbano foi planejado.

Outro destaque é a Floresta Nacional do Tapajós (Flona), que já mencionei neste guia. É daqui que partem as trilhas que levam a árvores gigantes. Se organizar direitinho, ainda sobra tempo para visitar a comunidade de Jamaraquá, onde há produção de biojoias e pousadas comunitárias.

Antes de entrar no carro, leia mais sobre Belterra para saber exatamente o que esperar.

Distância: 20 km
Tempo de deslocamento: 35 minutos

Mapa de Alter do Chão

Para planejar o que fazer em Alter do Chão, o ideal é montar um mapa personalizado com todos os lugares que você deseja conhecer e organizar o roteiro por dias.

Eu fiz um com todos os lugares que menciono neste guia e você pode baixá-lo para usar no seu celular. Basta clicar no ícone de compartilhamento e enviar para o seu próprio WhatsApp.

Quantos dias são necessários para conhecer Alter do Chão?

Para conhecer Alter do Chão com calma, o ideal são 3 a 4 dias. Esse tempo permite explorar praias de rio como a Ilha do Amor, fazer passeios de barco pelos igarapés, visitar comunidades ribeirinhas e ainda conhecer Santarém, Belterra e a Floresta Nacional do Tapajós.

Qual é a melhor época para visitar Alter do Chão?

A melhor época para visitar Alter do Chão é entre agosto e dezembro, quando o nível do rio baixa e as praias de areia aparecem. Na segunda semana de setembro acontece a festa do Sairé, uma celebração tradicional que mistura cultura religiosa e indígena, com música, danças e comidas típicas.

De janeiro em diante, o rio volta a encher e as praias ficam cobertas, mas esse período é ótimo para fazer passeios de barco. No fim das contas, Alter do Chão sempre tem algo interessante para oferecer — e a temperatura é alta o ano todo.

Como chegar em Alter do Chão?

Alter do Chão está a 36 km de Santarém, uma das maiores e mais importantes cidades do Pará. Nela você chega através do céu, da terra e do rio. Veja como:

Avião

Apenas Manaus, Belém e Brasília oferecem voos diretos para Santarém, mas isso não é um problema. Aproveite a conexão para esticar as pernas e conhecer outra cidade. Pesquise passagens aéreas para Santarém.

Barco

Para quem busca experiências mais genuínas, a viagem de barco pode ser marcante. Há embarcações saindo de Manaus e Belém, com percursos que levam de dois a cinco dias, dependendo do ponto de partida e do tipo de barco escolhido.

Táxi

Taxistas cobram R$ 130 para percorrer os 33 quilômetros que separam o Aeroporto e Santarém do centrinho de Alter do Chão. Chorando um pouquinho cai para R$ 100. 

Para poupar alguns Reais, instale o aplicativo Urbano Norte, pelo qual a corrida sai por R$ 80.

Ônibus

É possível ir de ônibus urbano de Santarém para Alter do Chão. No aeroporto, pegue o ônibus de linha até o Shopping Tapajós e lá pegue outra condução para o vilarejo. Cada passagem custa R$ 4,80. A desvantagem desse meio de transporte é que ele funciona apenas das 6h às 22h.

Carro

A vantagem desse meio de transporte é que você pode realizar todos os passeios por conta própria, ficando quanto tempo quiser em cada lugar. Para visitar as comunidades vizinhas será necessário encarar estradas de terra com sinalização precária, por isso, oriente-se pelo GPS. 

Alugar um carro é uma ótima idea!

Se você estiver viajando em grupo ou com a família, será mais vantajoso alugar um carro em Santarém e seguir para Alter do Chão e arredores. Além de economizar um bom dinheiro, tendo um carro à disposição é possível flexibilizar o roteiro.

Sempre que opto por esse meio de transporte, fecho com a Rentcars, que compara preços e divide o valor do aluguel em até 12 vezes.

Alter do Chão é perigoso?

Não. Alter do Chão é um destino considerado seguro, até mesmo para quem viaja sozinho. O vilarejo tem baixos índices de criminalidade, mas é importante fazer trilhas sempre com guia local para evitar se perder na mata, já que o sinal de celular pode falhar.

Pousadas em Alter do Chão

Não me dei bem na escolha da hospedagem em Alter do Chão. Para resumir a história, fui parar em um hostel horrível, bagunçado, sujo e mal frequentado. Não passei nem uma noite lá, mas soube que no dia seguinte a polícia fez uma batida no local e o dono do estabelecimento foi preso. Pesado!

Andei pela cidade inteira procurando um lugar legal que coubesse no meu orçamento limitado. Era a semana do Sairé, então a cidade estava com lotação máxima.

Felizmente, encontrei um quarto na Pousada Vila Alter, que é simples, mas muito charmosinha. As suítes contam com ar-condicionado, televisão, boas camas e chuveiro elétrico, embora a água quente não faça falta no calor amazônico. O café da manhã foi uma grata surpresa, pois havia de tudo: leite, café sucos, frutas, frios, pães, biscoitos, ovos mexidos e tapioca.

Recomendação: Se você procura mais que apenas um lugar para descansar e quer viver a experiência de dormir na selva, precisa conhecer esta casa na árvore a 50 metros da praia. Embora esteja cercada pela mata, chega-se ao centrinho em poucos minutos de caminhada. 

Antes de saber o que fazer em Alter do Chão, conheça outras opções de pousadas no vilarejo.

Dicas gerais sobre Alter do Chão

  • Cuidado com as arraias! Elas ficam paradinhas debaixo da areia dos rios e atacam com ferroadas quando se sentem ameaçadas. Me ensinaram a andar arrastando o pé para que o movimento da água e da areia as afugente.

  • Poucos barqueiros e vendedores aceitam pagamento em cartão e quando o fazem, cobram uma pequena taxa adicional.

  • Existe apenas um caixa eletrônico em Alter do Chão, que fica no mercadinho da praça principal. A fila tende a ficar longa entre as 8h e 9h da manhã, quando os passeios estão saindo, e entre às 17h e 19h, quando os passeios estão voltando e as pessoas querem sacar dinheiro para jantar.

  • Ao invés de cobrarem preços fixos por pessoa, os barqueiros estipulam valores fechados para o barco, que podem ser divididos por até cinco pessoas. Se você estiver sozinho, tente se juntar a outros viajantes na sua pousada ou vá para a praça bem cedinho, por volta das 8h da manhã. Assim fica mais fácil se alocar em um grupo.

  • Para mim faz toda a diferença fazer passeios com pessoas que conheçam bem o local e gostem de compartilhar informações. É por isso que indico o Kika, um barqueiro gente finíssima que sabe tudo! O telefone dele é (93) 99158-1341, ele também atende pelo WhatsApp.
Dicas de Alter do Chão, Pará
Dicas de Alter do Chão, Pará. Créditos: Lumion Fotografia

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Gisele Rocha

Formada em Comunicação Social pela UFJF. Andou meio mundo tentando descobrir o que queria fazer, até descobrir que queria mesmo era andar pelo mundo.

16 pensou em “O que fazer em Alter do Chão: praias, passeios e pousadas

  1. Caraca, quanta foto linda! Alter do Chão parece mesmo ter algo muito especial! Eu quero muito conhecer um dia e pode ter certeza que seu post me inspirou muito! Apaixonei na vista da Ilha do Amor :D

  2. Adorei esse post completíssimo sobre Alter do Chão! Confesso que até pouco tempo atrás a minha vontade de ir para lá não era tão grande, mas agora é rs E achar as infos práticas e o que fazer no destino tudo junto é uma mão na roda pra organizar a viagem!

  3. Amei o post, Gisele, já salvei aqui porque tinha todo um plano de conhecer Alter do Chão em 2020, mas ai, você sabe… Quem sabe agora dá para organizar de novo, né? Adorei todas as dicas e guardei com carinho a dica do sorvete. =D

  4. Gostei muito de saber que para conhecer Alter do Chão é entre os meses de agosto a dezembro, não sabia.
    Seu post é bem completo, gostei bastante. Me deu vontade de ir conhecer.

  5. Encantada com a Ilha do Amor e a Ponta do Cururu, dois dos lugares que mais me chamaram a atenção nesse lindo roteiro de Alter do Chão. Gostei demais das suas dicas!!! Um lugar que quero muito conhecer em breve. Salvei o post!

  6. Sou da região de Santarém e achei seu post muito bacana e bem completo. Parabéns!!! Nossa terra tem muitas belezas naturais e um povo muito hospitaleiro.
    Venham e sintam-se a vontade para conhecer a ilha do amor e todas as belezas da Amazônia 🥰😍🌿

  7. Muito bom, seu blog.

    Estive no Pará em 2021, fui a Belém e a Ilha de Marajó.
    Não tive tempo de ir a Alter do Chão.
    Mulheres que viajam sozinhas, tem muitas dificuldades
    Obrigada.

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