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Cannabis na Jamaica: tudo o que você precisa e deseja saber

Reggae, dreadlocks e cannabis. Essas são as primeiras coisas que passam pela cabeça das pessoas quando pensam na [link tag=”jamaica”]Jamaica[/link]. E pela primeira vez na minha vida um estereótipo não fugiu à realidade!

Embora também seja reconhecida pelas belas praias e natureza exuberante, essa pequena ilha caribenha ganhou fama internacional por ser o berço da cultura Rastafári, que usa a maconha – chamada de “ganja” entre os nativos – como erva espiritual.

Foram Peter Tosh, Jimmy Cliff e especialmente Bob Marley os responsáveis por disseminar a cultura rasta pelo mundo através do reggae, que ganhou espaço no mercado da música a partir da década de 1970. A partir de então criou-se uma imagem de que a ilha é totalmente legalize. Mas será que é assim mesmo?

Neste artigo você encontrará tudo o que você precisa e deseja saber sobre a cannabis na Jamaica, com dados traduzidos do Informativo distribuído pelo Ministério da Justiça do país.

Boa leitura!

História da cannabis na Jamaica

Vendedor de ganja na Seven Mile Beach, Negril, Jamaica
Vendedor de ganja na Seven Mile Beach, Negril, Jamaica. Créditos: Gisele Rocha

Contando de forma bem resumida, a cannabis chegou à Jamaica junto com os trabalhadores indianos que substituíram os escravos nas lavouras após a abolição da escravatura. Ela era usada em chás, pastas e, claro, como fumo. O clima era favorável ao cultivo da erva, que logo tornou-se símbolo da classe trabalhadora negra, funcionando como um elemento de identidade e união.

A maconha passou a ser associada à violência da periferia e não demorou muito para que a elite branca conservadora e grupos religiosos começassem a pressionar o governo para proibir o consumo e plantio da cannabis.

Deu-se início a uma verdadeira caça às bruxas. O uso da maconha era passível de punições severas, até mesmo para o uso religioso entre os rastafáris.

A maconha é legalizada na Jamaica?

Plantação de cannabis na Jamaica
Plantação de cannabis na Jamaica. Créditos: Gisele Rocha

Acredite se quiser, mas a maconha só foi descriminalizada na Jamaica em 2015. Ainda assim, a lei se aplica apenas ao uso medicinal e religioso. Isso significa que, em teoria, não é qualquer pessoa que pode comprar e fumar maconha ao deus-dará na Jamaica. Mas a realidade é bem diferente!

Acontece que o governo jamaicano enxergou o potencial econômico da cannabis e resolvei afrouxar suas regras, tendo como exemplo os Estados Unidos. O raciocínio foi o seguinte: “se mesmo com a proibição o cultivo e uso da cannabis é escancarado, por que não capitalizar esse produto?“.

O objetivo é que o país logo vire uma referência em cannabis medicinal e já existem vários laboratórios de pesquisas trabalhando nisso. Aliás, é possível visitar alguns deles durante sua viagem à ilha. Falarei sobre isso mais à frente.

Afinal, turistas podem fumar maconha na Jamaica?

Plantação de cannabis em Orange Hill, Jamaica
Plantação de cannabis em Orange Hill, Jamaica. Créditos: Adriano Castro

Com as novas leis aprovadas em 2015, ficou permitida a posse de cannabis na Jamaica para fins religiosos, científicos e medicinais, desde que haja permissão oficial ou atestado de um especialista. Na Jamaica é muito fácil conseguir essa prescrição médica, até no aeroporto você pode se informar sobre onde encontrar um consultório para este fim.

No entanto, mesmo com a prescrição médica, cada indivíduo só pode portar até 56g de cannabis e a compra só pode ser feita por maiores de 18 anos. Fumar em público é proibido e quem for pego terá de pagar uma multa de 500 dólares jamaicanos (uma bufunfa equivalente a [vb_rate from=”JMD” to=”BRL” value=”500″]). A mesma sanção se aplica a quem for pego portando a erva sem prescrição médica ou licença científica e religiosa.

Quem for pego com mais de 56g de maconha poderá responder por porte ilegal e, ser for considerado culpado, poderá acabar indo para a prisão na Jamaica e ter o passaporte manchado por esse crime.

Todas essas regras se aplicam aos jamaicanos, com a diferença de que cada membro da família pode cultivar até cinco pés de cannabis para uso próprio, desde que tenha atingido a maioridade. Nas comunidades rastafáris não há limite estabelecido, desde que o consumo seja feito para fins sacramentais em espaços designados para cultos religiosos.

⚠️ATENÇÃO: O que você faz na Jamaica, fica na Jamaica. Não invente de levar uma “lembrancinha” para casa, pois tráfico internacional de drogas é crime inafiançável e as leis são muito rigorosas.

Onde e como visitar uma plantação de cannabis na Jamaica

Nosso guia durante a visita à plantação de cannabis na Jamaica
Nosso guia durante a visita à plantação de cannabis na Jamaica. Créditos: Gisele Rocha

Encontrar uma plantação de cannabis na Jamaica é mais fácil que achar uma padaria. Qualquer vendedor ambulante pode levá-lo a alguma fazenda, mas seja criterioso na sua escolha.

Nós visitamos a plantação que fica na propriedade do Blue Hole de [link tag=”negril”]Negril[/link] (não confundir com o Blue Hole de [link tag=”ocho-rios”]Ocho Rios[/link]) e pagamos $10 pelo passeio. Em [link tag=”nine-mile”]Nine Mile[/link], terra natal de Bob Marley, o mesmo rolê sair por $60 por pessoa, o que é um absurdo!

Mas se você quiser conhecer uma plantação e de quebra visitar o primeiro laboratório dedicado à cannabis medicinal na Jamaica, agende uma visita à Kaya Herb House, em Ocho Rios. Basta enviar um e-mail para [email protected] para verificar a disponibilidade de horários durante os dias da sua viagem.

Maconha é coisa de drogado?

Rastafari Indigenous Village, Montego Bay, Jamaica
Rastafari Indigenous Village, Montego Bay, Jamaica. Créditos: Divulgação / Fonte: Instagram

Quando postamos nos stories do Instagram a visita que fizemos à plantação de cannabis na Jamaica, recebemos diversas mensagens de pessoas dizendo que não faziam ideia de que a planta tivesse tanta usabilidade. (Outros deram unfollow, alimentando um preconceito que existe há décadas por mera falta de informação. Faz parte!)

Nosso guia nos mostrou ao menos três tipos de cannabis, apontando as finalidades de cada uma delas. Há uma diferença significativa entre o uso recreativo e medicinal. Ele nos explicou que até a década de 1980 a cannabis era marginalizada, ligadas a grupos perigosos, até que um renomado médico inglês começou a estudar sobre a eficácia do THC no combate à dor e esse preconceito começou a se desfazer, ao menos na comunidade científica.

De lá para cá essas pesquisas não pararam mais e hoje o canabidiol (CDB) já é utilizado no tratamento de esquizofrenia, doença de Parkinson, esclerose múltipla, epilepsia, isquemia e até câncer. A maconha medicinal também é utilizada no combate à depressão, ansiedade, insônia e enxaqueca. Se você tiver interesse em se aprofundar nesse tema, recomendo a leitura de um artigo publicado no site do Conselho Federal de Medicina.

Para além do uso recreativo e medicinal, as fibras do cânhamo também são utilizada na fabricação de tecidos (que é cinco vezes mais resistente que o algodão), cordas, papéis e óleos usados na indústria de cosméticos. Seu cultivo dispensa o uso de pesticidas e pode reduzir drasticamente os impactos causados na natureza, tendo em vista que um hectare de cânhamo produz o mesmo que quatro hectares de eucaliptos num intervalo de vinte anos. Você sabia disso?

Espero que toda essa explicação tenha servido para que você olhe para a cannabis de maneira diferente e entenda que ela pode contribuir para o bem-estar de milhares de portadores de doenças crônicas, além de ser ambientalmente sustentável.

[vb_post_list tag=”jamaica” limit=”5″ title=”Leia mais sobre a Jamaica”]

Gisele Rocha

Formada em Comunicação Social pela UFJF. Andou meio mundo tentando descobrir o que queria fazer, até descobrir que queria mesmo era andar pelo mundo.

3 pensou em “Cannabis na Jamaica: tudo o que você precisa e deseja saber

  1. Mas apesar da aura de liberdade, o turista que pretende aproveitar uma ida aos Estados Unidos para usar maconha em um ambiente legal, sem culpa ou peso na consciencia, precisa estar atento as regras locais. E preparar o bolso, pois tera de, literalmente, queimar um bom dinheiro.

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