Casapueblo, Uruguai: dicas para uma visita memorável
“Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada”. Dependendo da sua idade, é possível que a sua infância tenha sido embalada por essa música de Vinicius de Moraes. Mas o que você provavelmente não sabia até agora é que essa cantiga foi composta em homenagem à Casapueblo, um símbolo turístico, cultural e arquitetônico do Uruguai construído pelas mãos do artista Carlos Páez Vilaró.
Neste artigo você descobrirá o que faz dessa casa um lugar tão especial, quais são os caminhos que levam a ela e como tornar transformar passeio pelo museu em uma experiência inesquecível!
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Como chegar à Casapueblo
O Museu Taller Casapueblo fica a 15 km do Centro de Punta del Este e para se deslocar até lá basta seguir pela Ruta 10. Esse trajeto pode ser feito de diversas formas:
Ônibus
Para quem tem pouca grana e muita disposição, dá para pegar o ônibus número 20 no Terminal de Rodoviário de Punta del Este, pedir para descer em Punta Ballenas e de lá andar mais uns 30 minutos até a Casapueblo.
No mesmo terminal também é possível comprar passagens das empresas COT e COPSA com destino a Portezuelo e descer no mirante de Punta Ballenas, o mesmo ponto onde para o ônibus circular. Uma opção é tentar pedir um Uber para esse trecho final.
Carro
Alugar um carro em Punta del Este proporciona autonomia aos passeios, por isso escolhemos essa opção. São 20 minutos de deslocamento desde o Centro, mas é recomendável sair cedo para parar e conhecer as praias do caminho, além da Ruta Panorámica e Las Grutas.
Excursão
Juntar-se a um grupo de excursão guiada é a melhor opção para quem busca praticidade e conforto. A empresa vai buscá-lo onde você estiver hospedado, passa pelo monumento Los Dedos, depois vai a Punta de Las Salinas (onde o Rio da Prata se encontra com o Oceano Atlântico, em seguida passa por La Barra e termina na Casapueblo a tempo de assistir ao pôr do sol. Reserve aqui.
Melhor época para visitar a Casapueblo
A Casapueblo está aberta ao público durante todos os dias do ano. Seu grande espetáculo é o pôr do sol, portanto, consulte a previsão do tempo e programe sua visita para um dia de céu claro.
Também recomendamos que você evite a alta temporada, entre dezembro e fevereiro, pois o local fica superlotado, perdendo um pouco de seu encanto.
Horário de funcionamento: todos os dias, das 10h ao pôr do sol.
Preços: 330 pesos. Compre o ingresso antecipadamente e evite filas.
A História da Casapueblo
Carlos Páez Vilaró pisou em Punta Ballena pela primeira vez em 1958 e subitamente se apaixonou pela beleza natural daquele lugar. No mesmo ano ele comprou um lote de 4.873,5 m² e decidiu construir ali um estúdio de frente para a praia.
Ergueu inicialmente um depósito revestido de lata, onde guardava portas, janelas, madeiras de demolição e objetos adquiridos durante suas viagens. Tudo seria utilizado na construção.
Com ajuda de amigos e pescadores, construiu um ateliê de madeira o qual chamou “La Pionera”, o ponto de partida para a concretização de um sonho, que na verdade sequer tinha um planejamento arquitetônico definido, mas foi se moldando ao formato do terreno e das ideias de Vilaró.
Pouco tempo depois, o artista teve a ideia de cobrir a casa com cimento e moldá-la com as próprias mãos, como se fosse uma escultura. E assim ele a definiu: “Casapueblo é uma escultura habitável”.
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À medida que ele precisava de mais espaço, novos cômodos iam surgindo. De ateliê, a Casapueblo se tornou sua casa de veraneio. Quartos eram construídos para atender a demanda de amigos e familiares que se planejavam para visitá-lo.
Cúpulas, varandas, janelas, escadas, túneis, corredores e salões transformaram a construção em um ícone que despertava a curiosidade de todos que ficavam sabendo de sua existência. Não demorou para que ela se tornasse um dos principais pontos turísticos do Uruguai.
Vilaró se preocupou com cada detalhe. Em uma época em que não se falava sobre sustentabilidade, ele teve o cuidado de integrar sua casa à natureza, construindo até espaços para pássaros fazerem ninhos.
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36 anos se passaram até que a Casapueblo finalmente fosse considerada pronta, a custo de renúncias, sacrifícios, dedicação e paciência. Vilaró muitas vezes usou suas próprias obras de arte como moeda para troca de materiais e serviços.
Entre viagens e retornos, Vilaró usufruiu de sua casa durante 20 anos. Em 24 de fevereiro de 2014, aos 91 anos de idade, ele fez sua passagem para o plano espiritual. Foram 64 anos dedicados à arte e seu legado pode ser visto nos quatro cantos do mundo.
O Museu Casapueblo
O Museu Casapueblo encontra-se na principal cúpula do complexo e conta com cinco salas e três terraços, onde são expostos quadros, esculturas, cerâmicas, murais, colagens, fotografias e recortes de jornais que recontam a história de vida e a trajetória artística de Vilaró.
Começamos a visita na minissala de cinema onde um documentário sobre a vida do artista é exibido ininterruptamente. É importante que essa seja a primeira parada dentro do museu a fim de facilitar o entendimento sobre como as vivências de Vilaró refletem em suas criações e na construção da Casapueblo em si.
Após assistirmos ao filme, descemos a escada que leva à Taberna del Rayo Verde, um charmoso café com vista para o Rio da Prata. Ainda não era hora de fazer uma boquinha, então seguimos pelo terraço e entramos em uma sala com paredes cobertas por reportagens que Vilaró colecionava sobre si mesmo.
Curiosamente, a primeira delas tratava sobre a amizade entre ele e Vinicius de Moraes e a segunda mostrava uma foto aérea da Casapueblo e como seu desenho se assemelhava ao mapa do Brasil.
Nessa mesma sala há um painel dedicado a uma passagem difícil da vida do artista. O filho de Vilaró, Carlos Miguel Páez Rodríguez, estava no avião que transportava o time de rugby Old Christians, que caiu na Cordilheira dos Andes em 13 de outubro de 1972. Após dez dias, a equipe de resgate suspendeu as buscas devido à nevascas e Vilaró, na esperança que o filho estivesse vivo, financiou e participou de uma equipe independente para procurar sobreviventes. Foram 72 dias de angústia, até que seu filho, então com 19 anos, foi encontrado em meio a outros 15 sobreviventes.
Desse episódio nasceram os livros “Entre Mi Hijo y Yo, La Luna” e “Después del Día 10”, escrito por pai e filho, respectivamente. Alguns exemplares estão disponíveis para venda.
Pouco mais adiante há uma sala com roupas, rascunhos, pincéis, espátulas, latas de tinta e outros materiais usados pelo pintor em seu ofício.
Descendo mais um lance de escadas, chegamos a uma enorme sala onde estão as telas das exposições Tango, Arenas, Mujeres e Soles. Todos os quadros do acervo estão à venda!
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A partir desse ponto, um labirinto de escadas e corredores estreitos se revela, nos levando a outras salas, com outras esculturas, desenhos estilizados, colagens com mulheres nuas, mais fotos de arquivo pessoal e objetos decorativos.
A parte externa é um convite ao relaxamento. Bancos de concreto forrados com almofadas azuis foram estrategicamente construídos com vista para o Rio da Prata. Para sentar-se é necessário pedir permissão aos atuais donos da casa: os gatos de Vilaró, que após o falecimento do artista passaram a ser cuidados pelos colaboradores da Casapueblo e andam livremente por todos os espaços. São dóceis e adoram carinho!
Sente-se ali e esqueça da vida até a hora da “Ceremonia del Sol”.
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📌 Casapueblo sem tumulto
Se o seu intuito for conhecer o legado de Vilaró sem pressa e sem tumulto, recomendamos que você chegue à Casapueblo por volta das 13h, almoce em um dos restaurantes do local e visite o acervo durante a tarde.
Após às 16h30 a multidão começa a chegar e o espaço permanece superlotado até o pôr do sol, que é imperdível!
Garanta o seu ingresso para a Casapueblo e evite filas
A Cerimônia do Sol
Quando os raios de sol dourados do fim de tarde começam a amarelar o céu azul e as caixas de som passam a tocar o Concierto de Aranjuez, é sinal de que a “Ceremonia del Sol” está para começar.
O ritual quase sagrado acontece desde 1994, em todos os 365 dias do ano, independentemente das condições climáticas. Quando o sol começa a se pôr, ouvimos o primeiro “Hola Sol” na voz do próprio Vilaró, que homenageia o Astro Rei com um poema emocionante. Ele começa:
“Mais uma vez sem se anunciar você chega para nos visitar.
Mais uma vez em sua longa caminhada desde o início da vida.”
A essa altura os visitantes já se acomodaram nas sacadas e estão registrando cada segundo, seja por meio de vídeos ou fotos, enquanto tentam compreender os versos que são narrados em espanhol. O artista agradece e reconhece a importância do Sol na vida dos desamparados, das plantas e dos animais e relembra como sua presença foi simbólica desde o começo da construção da Casapueblo. E continua:
“Obrigado por voltar a alegrar a minha vida de artista.
Porque você fez menos só a minha solidão.
É porque eu me acostumei com a sua companhia
e se não o tenho, eu te procuro onde quer que esteja.”
A partir daí ele conta sobre suas viagens pelo mundo na companhia do sol, passando pela Polinésia, África, Amazônia, Machu Picchu, vales da Patagônia, Bornéu, Sumatra, Bali e Deserto do Saara. Mas a parte mais tocante é a seguinte:
“Tchau, Sol!
Obrigado por provocar-nos uma lágrima,
ao pensar que iluminou também a vida de nossos avós, de nossos pais
e de todos os entes queridos que não estão juntos de nós,
mas que continuam desfrutando de você em outro plano.”
Leia o poema na íntegra aqui. Prepare um lencinho, você vai precisar!
Hotel Casapueblo
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Se assistir ao pôr do sol na Casapueblo já mexe com os nossos sentimentos, imagine a emoção de ficar ali no silêncio da noite, sentado na varanda observando as estrelas brilhando no céu e ouvindo as ondas quebrando nas rochas!
Só quem se hospeda no Club Hotel Casapueblo tem o privilégio de andar por áreas restritas, visitar o museu quando o fluxo de turistas ainda é baixo e assistir à Cerimônia do Sol do próprio terraço privativo, além de ter acesso irrestrito às piscinas naturais e de água aquecida, solário, sauna, academia, jacuzzi e spa.
São 72 apartamentos, todos com vista para o Rio da Prata, que mais parece o oceano! Esse é o tipo de hospedagem ideal para viagens comemorativas, como lua de mel, bodas, aniversário, viagem em família ou simplesmente para celebrar a vida.
😍 Hospede-se na Casapueblo!
Tenha acesso a áreas exclusivas, visite o museu antes dos outros turistas e assista ao pôr do sol na sua varanda particular hospedando-se no Club Hotel Casapueblo
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Las Terrazas de Casapueblo
Além do museu e do hotel, o complexo ainda conta o restaurante Las Terrazas de Casapueblo, um espaço elegante que combina a rica gastronomia local com uma vista extraordinária do rio. E ao contrário do que se pensa, os preços não são mais altos do que aqueles praticados nos restaurantes do centro. O que não quer dizer que sejam baratos!
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