Devo participar do mergulho com botos em Manaus?
O que te motiva a viajar? Sair da rotina, provavelmente. Talvez em um lugar que seja importante na história mundial, ou que ofereça um cenário paradisíaco, com mata virgem e animais exóticos, desde que haja alguém para resguardá-lo dos perigos inerentes à natureza selvagem. Se render boas fotos então, maravilha!
Esse pensamento bobo, acreditem, pauta a escolha dos destinos de muita gente. Nada contra registrar momentos especiais, nós também fazemos isso, mas passar toda a viagem tentando impressionar os seguidores não deveria ser a principal razão da sua viagem.
Estamos dizendo tudo isso porque a Amazônia é um destino incrível, mas bastante controverso se formos levar em conta o uso de animais para atrair turistas e gerar lucro. Deste modo, um pouco de sensatez é necessária para discernir o certo e o errado na hora de fechar um pacote ou sair pegando qualquer animal que os moradores tentam jogar no seu colo a troco de alguns reais.
A tentação de fotografar e posar com animais silvestres, como cobras, jacarés, macacos e bicho preguiça pode ser forte, mas pense que ao fazer isso você estará alimentando o turismo que explora animais e desequilibra o meio ambiente.
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Como escolher o passeio certo
Nós do Viajei Bonito temos como princípio não interagir com nenhum animal fora do habitat natural dele. Foi esse mesmo princípio que norteou os nossos passeios pelo Pantanal e não poderia ser diferente na Amazônia. E Ter como parceira uma agência tão séria quanto a Iguana Turismo nos deixou mais tranquilos.
Decidimos participar do mergulho com os botos depois de termos certeza que eles não seriam tirados da água, ou atraídos com alguma armadilha que pudesse machucá-lo.
Existem inúmeras maneiras de identificar se uma atração turística causa o abuso de animais e para não nos desviarmos muito do objetivo do texto, convidamos você a ler um texto escrito pelo blog 360meridianos, que trata justamente sobre esse tema.
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Regras para o mergulho com os botos
O mergulho com botos é feito dentro do rio, não em tanques ou reservatórios. Os animais estão em seu meio natural e são atraídos pelo guia com peixes daquelas águas. Não existe nenhum artifício além do alimento para atrai-los, então, dependendo das condições do ambiente, eles podem simplesmente não se aproximar. Falaremos sobre isso daqui a pouco.
Na entrada do flutuante existe um banner de todo tamanho com as regras a serem praticadas em prol do bem-estar dos animais e segurança dos banhistas.
O que nós observamos
Veja bem, botos são animais silvestres e ainda que o comportamento dele seja estudado por pesquisadores, nunca se sabe como ele reagirá em uma situação de desconforto. Por isso, não tente tocar o animal, não o alimente sem auxílio de um guia e evite gritaria.
Fomos colocados na água com colete salva-vidas. Antes disso, é necessário retirar qualquer produto que esteja na pele, como creme solar e repelente, para não poluir a água, muito menos causar irritação na pele e nos olhos dos animais.
O instrutor pediu silêncio e fez alguns movimentos para atrair o boto. Rapidamente o animal apareceu para comer o peixe, colocou metade do corpo para fora da água e depois foi embora.
Nesse momento em que ele subiu à superfície, começou a histeria. Algumas mulheres e duas crianças gritavam sem parar. O guia, constrangido, pedia distância e avisava que os botos não voltariam naquelas condições. Não deu outra.
Ele tentava, jogava peixes, fazia movimentos na água, imitava os sons produzidos pelos animais e nada dos botos aparecerem. As crianças, entediadas, apostavam corrida na água, batendo os pés, esbarrando nos outros banhistas e falando alto. Os pais não chamavam atenção, então outros turistas começaram a fazê-lo. Quando o clima ficou mais calmo, outro boto se aproximou.
Mas era só o animal aparecer que as pessoas ficavam eufóricas, tentavam encostar no bicho sem autorização do guia e disputavam espaço pra ver quem conseguiria a melhor foto. Assim o instrutor encerrou o passeio e fomos embora.
Nossas conclusões
O passeio é válido porque nenhum boto é retirado de seu ambiente natural, eles não vivem em cativeiro, tampouco passam por adestramento. O objetivo do passeio é nadar com os botos, não é interagir, tirar selfie, tocar, beijar ou alimentar. É apenas ficar na água, distante, observando o animal ser alimentado por quem sabe o que está fazendo.
E o mergulho no Rio Negro é delicioso, a água é morna e sem correnteza forte. Uma excelente pedida para o calor recorrente no Norte. Se você não quiser mergulhar, pode ficar no deck, que oferece uma vista deslumbrante do rio e da mata.
Onde se hospedar em Manaus
Durante a nossa passagem por Manaus tivemos a graça de ter como parceiros o [bookinglink id=”877662″ text=”Local Hostel”], localizado no Centro Histórico da cidade, a 150 metros do Teatro Amazonas. As instalações são excelentes, com quartos amplos, camas confortáveis, banheiros sempre limpos, café da manhã farto e funcionários muito solícitos. Fizemos um vídeo sobre lá, mostrando todos os detalhes.
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Quando eu fui, um boto imenso quase saiu me carregando. Ele passou por entre minhas pernas e subiu para comer o peixe na mão do guia. Putz, quase morri de susto!!!
Mas foi maneiro. Não engravidei do boto, ainda bem!
Hahahahahah… nesse momento só tenho vontade de agradecer à minha professora do jardim de infância, Tia Lia, por ter me ensinado me alfabetizado. Graças a ela pude ler esse comentário estupendo!
Você acabou de confirmar porque esse tipo de entretenimento não deve ser oferecido: o ser humano simplesmente não sabe se comportar e se cria stress ao animal ao ponto dele não querer aparecer, não deveria ser feito. É muito possível e viável fazer conscientização sem o povo todo na água com eles.
Eu fiz este passeio ano passado, a gritaria das crianças era insuportável, várias crianças chorando de medo e os pais insistindo em levar pra tirar fotos. Eu depois de fazer me senti meio “culpada”, só olhar os botos de perto já bastava, achei que era muita gente naquela plataforma e os botos se batendo nas pessoas, meio estranho.