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O que fazer em Tânger, Marrocos

Estou em clima de despedida de Tânger, mesmo sabendo que voltarei daqui a um mês.

Esses nove dias em que estive hospedado nesta cidade maravilhosa foram suficientes pra que eu conseguisse escrever aqui uma espécie de miniguia para você, que estará chegando nos próximos dias ou que está curioso e se perguntando: o que há pra fazer em Tânger?

Os pontos turísticos abaixo foram os que eu visitei. Foi uma ótima surpresa! Esta cidade tem muito mais a oferecer do que eu poderia imaginar. Mas também há opções de passeios bate e volta em áreas mais distantes e em cidades vizinhas.

Vou mostrar tudo isso. Vamos lá!

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Medina de Tânger, no Marrocos
Medina de Tânger, no Marrocos. Créditos: Adriano Castro

Em dois ou três dias é possível conhecer os principais pontos turísticos de Tânger com calma. Eu não sou o tipo de viajante que bate ponto nas atrações, tira foto e vai embora. Prefiro andar com calma, me perder, trocar ideia com as pessoas e explorar. Tanto que fiquei na cidade por nove dias.

Mas se você não tem todo esse tempo, esta lista vai te ajudar a planejar o seu roteiro priorizando o que mais te interessa, entre lugares históricos, mesquitas, museus, parques e mirantes.

O melhor é que dá para fazer tudo a pé. Basta escolher um hotel dentro da Medina e você terá acesso fácil aos principais atrativos. Mas uma coisa de cada vez! Agora eu vou te mostrar o que fazer em Tânger.

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Muralha de Tânger

Vamos começar pelo começo. Não dá para listar os pontos turísticos de Tânger sem antes falar da muralha que circunda a Medina.

Um guia local me explicou que ela foi construída pelos portugueses no século XV para defender a cidade. A posição é estratégica, no alto das falésias, com vista para o estreito de Gibraltar e de toda a área urbana. Assim ficava fácil se defender de invasores e controlar quem entrava na medina.

Eu recomendo que você caminhe por ali no fim de tarde, quando o calor dá uma aliviada. Também pode ser um bom lugar para assistir ao pôr do sol.

Fui sem pressa, explorando os diferentes níveis da fortificação e parando em pequenos mirantes que passam despercebidos por quem só cruza a área rapidamente.

Torre Dar Al-Baroud

Caminhando ao longo da muralha, você vai passar pela Torre Dar Al-Baroud, onde existe um museu que reconta a história da região através de documentos, indumentárias, armas e canhões costeiros.

A entrada era paga e, sinceramente, não me animei a visitar. O que me interessava estava do lado de fora: a vista aberta que acompanha toda a fortificação.

Parei algumas vezes só para olhar o porto, o movimento lá embaixo e aquele contraste bonito entre a cidade e o mar — tudo sem gastar um dirham furado.

Preço: 50 dirhams.

Kasbah

A Kasbah é a parte mais antiga de Tânger e foi construída no topo da colina porque também tinha uma função de defesa. De lá, dava para acompanhar tudo o que acontecia no porto e no Estreito de Gibraltar.

Por muitos séculos, esse pedaço da cidade foi o centro administrativo e político, o endereço da turma poderosa que ditava as regras em Tânger.

Kasbah de Tânger, Marrocos
Kasbah de Tânger, Marrocos. Créditos: Anita Gould / Fonte: Flickr

O Museu da Kasbah funciona justamente no antigo palácio do sultão — um prédio que por si só já vale a visita, com aquele estilo arquitetônico islâmico cheio de detalhes.

São dois setores, um com exposições temporárias e outro com uma coleção permanente sobre Tânger e a vida no Mediterrâneo, incluindo tradições culturais, comércio e artesanato.

Lá você vai ver peças de escavações fenícias, romanas e árabes, como moedas antigas, cerâmicas e mosaicos …. entre outros itens do cotidiano e peças raras.

E uma dica: além das salas do museu, existe um jardim externo meio escondido. Quase passei direto, mas perguntei a um funcionário e ele me mostrou o caminho com a maior boa vontade. Vale a pena dar uma voltinha por lá antes de ir embora.

Horário de funcionamento: todos os dias, exceto terça, das 10h às 18h.
Preço: 30 dirhams.

Medina

A Medina é o coração de Tânger, com ruas apertadas, grande fluxo de pessoas e vários comércios. Por mais que algumas dessas ruas sejam estreitas e escuras em determinados trechos, não há o que temer, pois são seguras.

Não se preocupe se você se perder, e isso poderá acontecer várias vezes, sempre haverá alguém disposto a ajudá-lo com as direções certas. Uma dica: está perdido? Então vá sempre pra baixo.

A Medina está situada em um morro, e suas ruas acabarão convergindo em alguma das entradas que dão pro mar. Uma vez que você consegue sair de lá, basta andar até a entrada que você está familiarizado.

Durante suas caminhadas será comum que algum vendedor o intercepte na rua para convidá-lo a entrar. Quando insistem demais e eu não estou a fim de entrar digo que não trouxe dinheiro.

Alguns mudam o humor e o deixam ir, mas outros são realmente simpáticos até demais e fazem questão que você veja as mercadorias para voltar depois.

Outro detalhe que chama bastante atenção é a disposição das pessoas nos restaurantes e cafeterias. Nas áreas externas desses locais, elas não se sentam nas mesas de frente umas pras outras, mas lado a lado, viradas para rua. Então parece que há uma plateia toda pra ver você passando. E não há mulheres, somente homens. Nas áreas internas há sempre uma TV com várias cadeiras vazias, como uma sala de cinema, onde os moradores assistem aos jogos de futebol europeu.

Recomendo que você pare pra tomar um dos chás tradicionais do Marrocos, feito com hortelã e muito açúcar. Acredito que haja algo a mais, porque nunca fui de beber chá na vida, e esse daqui é viciante.

Market Day

Aproveitando o gancho da Medina, se você estiver pra vir a Tânger, procure saber quando será o próximo Market Day. Comerciantes vêm de muito longe, em camelos, trazendo especiarias para serem vendidas nas estreitas ruas da Medina.

Nesse dia você poderá praticar suas técnicas de barganha. Bom, eu fui um tremendo fracasso nesse quesito, como previa no primeiro artigo sobre o Marrocos, mas isso não vem ao caso. É o dia ideal pra quem vem à cidade fazer compras.

Em breve farei um artigo ensinando você a atravessar da Espanha para o Marrocos (A nado? Claro que não!), então pra quem está na Europa e tem disposição, um bate-volta na cidade cairá muito bem.

Mas se você é um mochileiro que quer gastar pouco, como eu, se decepcionará com os preços de legumes, vegetais e frutas, que são altos em relação aos demais alimentos. Então aquela prática comum de cozinhar no albergue acaba não compensando tanto. Vale mais a pena almoçar na rua.

Uma das partes do mercado da Medina de Tânger, Marrocos
Uma das partes do mercado da Medina de Tânger, Marrocos. Créditos: Adriano Castro

Petit Socco

No meio do labirinto da Medina, existe uma pracinha onde você acha praticamente tudo o que você pode precisar durante a sua viagem a Tânger. É o Petit Socco. E foi ali mesmo que fiquei hospedado, no Socco Hostel. Ao redor, tinha de tudo: mercadinhos, lojas de souvenirs, restaurantes e o Gran Café Central, onde aprendi que chá de hortelã não é bebida, é rito.

O mais curioso é que, antigamente, essa era uma das áreas mais nobres da cidade. Aqui ficavam vários edifícios consulares e a sede do Banco Estatal de Marrocos. Era o ponto de encontro da elite: diplomatas, investidores, jornalistas, artistas, intelectuais… e, pelo que ouvi por lá, até espiões apareciam de vez em quando.

Só que tudo virou de cabeça pra baixo quando o Marrocos recuperou sua independência. Os estrangeiros foram embora, os investimentos evaporaram e a cidade perdeu o brilho internacional. Assim, o Petit Socco caiu em decadência, e virou ponto de prostituição e consumo de drogas.

Mas isso já é passado. O renascimento do bairro é recente — coisa da última década — com fachadas restauradas, hotéis de alto padrão e novos museus instalados em edifícios históricos.

Hoje o Petit Socco é seguro e concentra alguns dos principais pontos turísticos de Tânger: o próprio Gran Café Central, o Café Tingis, o Museu Dar Niaba, a Grande Mesquita, Cinema Alcazar e o antigo prédio dos Correios (que não é um ponto turístico propriamente dito, mas vale o olhar).

E já que estamos aqui, vou contar um pouco sobre alguns desses lugares.

Grande Mesquita

As paredes caiadas e os detalhes verdes não passam despercebidos mesmo em meio a área comercial movimentada. Fiquei curioso, parei um cara na rua e perguntei que templo era aquele, imaginando que fosse a Grande Mesquita. Acertei em cheio!

Só que para entrar ali tem que ser muçulmano, o acesso é restrito. É uma pena, mas faz todo sentido. Um espaço de silêncio e devoção é totalmente incompatível com a bagunça típica do turismo de massa, gente fazendo selfie, falando alto e gravando stories sem parar.

Mas, mesmo sem entrar, dá para aprender bastante. Se você fizer um tour guiado por Tânger ou puxar conversa com algum morador, como eu fiz, vai ouvir histórias fascinantes sobre o templo.

Grand Socco, praça que liga a Medina de Tânger à parte moderna da cidade
Grand Socco, praça que liga a Medina de Tânger à parte moderna da cidade. Créditos: Jonathan / Fonte: Flickr

É muito interessante pensar que a Grande Mesquita de Tânger está construída sobre um terreno que já é sagrado há mais de dois mil anos.

Primeiro foi um templo romano. Depois, durante o período de dominação portuguesa, foi erguida uma igreja cristã que funcionou por quase 200 anos. Foi só no século XVII que construíram a mesquita e esse se tornou um espaço para os muçulmanos. É uma síntese perfeita da história multicultural de Tânger e do quanto a cidade sempre foi disputada por diferentes impérios.

E como não podemos ver o interior, o jeito é deixar a imaginação trabalhar…

Museu Dar Niaba

Eu preciso admitir: museu não é exatamente meu programa favorito. Raramente entro em um por vontade própria.

E dessa vez não foi diferente. Acabei no Museu Dar Niaba porque fui junto com o pessoal que estava hospedado no Socco Hostel. Ao menos era um lugar agradável e fresco, um refúgio para quem precisa descansar o cérebro no meio do caos.

O Museu Dar Niaba funciona no antigo palácio do sultão em Tânger
O Museu Dar Niaba funciona no antigo palácio do sultão em Tânger. Créditos: Divulgação

O museu está instalado numa mansão reformada que, no passado, abrigou o Consulado Geral da França. Hoje, o acervo conta a história diplomática de Tânger, com uma linha do tempo dos reis e suas respectivas fotos.

No total, são mais de 300 peças, entre pinturas, móveis e objetos que faziam parte da coleção particular de Didier Sentis de Montoussy, um galerista apaixonado por arte islâmica.

É um museu pequeno, que pode ser facilmente percorrido em menos de uma hora. Pra falar a verdade, os detalhes da arquitetura me prenderam mais que a coleção em si.

Horário de funcionamento: todos os dias, exceto terça, das 10h às 18h.
Preço: 20 dirhams. Entrada gratuita às sextas-feiras para cidadãos marroquinos e residentes estrangeiros em Marrocos.

Fundação Lorin

Mais uma vez, a curiosidade de ver o interior da construção me chamava mais atenção do que o acervo em si. A Fundação Lorin habita uma antiga sinagoga e eu queria saber como era por dentro.

Só que, aos poucos, uma coisa ou outra começou a chamar a minha atenção e quando me dei conta, já estava totalmente envolvido, olhando os detalhes de fotografias antigas, ilustrações, jornais que eu nem entendia

O problema é que não tem legenda nem explicação de nada. O pouco de informação disponível está em árabe ou francês, e eu sou analfabeto em ambos.

Por sorte, o responsável pelo museu era super simpático. Foi conversando com ele que entendi a proposta: mostrar a evolução social, cultural, esportiva, musical e política do Marrocos, especialmente de Tânger. Vale a visita se assim como eu, você ficar muitos dias na cidade.

Horário de funcionamento: todos os dias, exceto sábado, das 11h às 13h e das
15h30 às 19h30.
Preço: entrada gratuita.

Grand Socco

Se existe o Petit Socco, claro que existe também o Grand Socco, uma enorme praça circular que liga a antiga Medina de Tânger com a parte moderna da cidade.

Lá você encontra de tudo um pouco: lojinhas, restaurantes simples frequentados por moradores locais e um banco para sacar dinheiro com o seu cartão da Wise quando for preciso. Também tem um ponto de táxi — sempre útil, já que aqui ainda não existem apps para chamar motoristas.

Você vai perceber que chegou no lugar certo quando der de cara com a fonte gigantesca de mármore bem no meio da praça. Não tem como errar.

Ao redor dela ficam a Mesquita Sidi Bouabid, o Antigo Mercado Municipal, a fachada do Cinema Rif, os Jardins Mendoubia e a Bab al-Fahs, principal porta da Medina. São pontos turísticos de Tânger que merecem entrar no roteiro.

Mesquita Sidi Bouabid

É impossível passar pelo Grand Socco e não notar a Mesquita Sidi Bouabid. O minarete, todo trabalhado em mosaicos segue um padrão de cores comum no norte do Marrocos, com terracota, verde e azul.

E como acontece com as outras mesquitas de Tânger, a entrada é permitida só para muçulmanos. Mas se você estiver montando um roteiro a pé, vale a pena parar um pouquinho, observar a arquitetura com calma, fotografar do lado de fora e seguir caminho.

Mesquita Sidi Bouabid, no Grand Socco, Tânger
Mesquita Sidi Bouabid, no Grand Socco, Tânger. Créditos: Gio / Fonte: Flickr

Cinema Rif

Eu jurava que esse seria só mais um prédio antigo para admirar rapidinho do lado de fora. Ainda bem que eu estava enganado. O Cinema Rif está mais vivo do que nunca, preservando a estética vintage de quando foi inaugurado, com mobílias, letreiros e pôsteres originais.

Você não precisa ser um cinéfilo para aproveitar. Se estiver procurando algo diferente para fazer em Tânger, longe do circuito turístico óbvio, esse lugar vai agradar.

Descobri que ele foi o primeiro centro cultural cinematográfico do Norte da Áfricao que, por si só, já merece respeito. E a programação é bem variada: tem desde filmes clássicos até produções de estúdios menores, algumas com legendas em inglês.

Fachada do Cinema Riff, em Tânger
Fachada do Cinema Riff, em Tânger. Créditos: Pietro Izzo / Fonte: Flickr

No site oficial do Cinema Rif dá para ver o que está em cartaz e os horários. Mas, mesmo que cinema não seja o seu plano do dia, vale dar uma passada para tomar alguma coisa no café local ou vasculhar a biblioteca em busca de tesouros.

Preço: entrada gratuita, mas os ingressos para os filmes custam 40 dirhams.
Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 8h30 às 23h.

Parque de Mendoubia

Quando pensamos no Marrocos, dificilmente associamos o país a áreas verdes e tranquilas, mas bem atrás do Cinema Rif você vai encontrar um jardim silencioso, agradável, bonito e bem cuidado.

O Parque de Mendoubia ganhou esse nome por causa do antigo Palácio da Mendoubia, que hoje abriga o Tribunal da Charia — uma espécie de “vara de família” baseada na lei islâmica. Nada a ver com punições extremas — isso é estereótipo.

Mas voltando a falar sobre o jardim, ele tem algumas lápides remanescestes do cemitério que já existiu aqui, além de várias árvores frondosas, sendo a mais famosa delas uma figueira que dizem ter mais de 700 anos de existência.

Horário de funcionamento: todos os dias, das 8h30 às 18h.
Preço: entrada gratuita.

Gran Teatro Cervantes

Lembra que eu comentei que, no início do século passado, Tânger era uma cidade internacional, cheia de comerciantes, diplomatas, artistas e intelectuais? Pois foi exatamente nesse clima de efervescência cultural que uma família espanhola construiu o Gran Teatro Cervantes, com capacidade para 1.400 espectadores.

Por muitos anos, ele foi considerado o maior e mais luxuoso teatro do Norte da África. Mas, com a independência do Marrocos, em 1956, os estrangeiros foram embora, e o dinheiro foi junto. Tânger perdeu a pompa de uma cidade cosmopolita e o teatro foi mais um espaço que ficou em desuso. O mesmo problema que atingiu o Cinema Rif e os prédios elegantes do Petit Socco.

O teatro continuou pertencendo à Espanha, mas, sem manutenção e sem uma política clara de uso, acabou fechado nos anos 1960. A partir daí, passou décadas se deteriorando, sofrendo com infiltrações, desgaste natural e vandalismo.

Mas é com muita alegria que atualizo este post em dezembro de 2025 para dizer que o Gran Teatro Cervantes está finalmente passando por um processo de restauro.

A fachada em Art Nouveau teve as esculturas recuperadas e já ganhou nova pintura, enquanto os letreiros originais, feitos em azulejos espanhóis, estão tinindo! A ideia é transformar o espaço em um centro cultural, com previsão de reabertura ao público até agosto do próximo ano. Vamos torcer para que seja verdade!

Sour Al Meêgazine

Tem curiosidades que a gente só fica sabendo quando faz um tour guiado. Como eu poderia descobrir sozinho que Sour Al Meêgazine significa “Muro dos Cansados”? E mais: por que esse nome??

Pois é, a explicação é ótima.

Aquela área era basicamente areia pra todo lado, dunas mudando de humor conforme o vento, até que decidiram construir um muro pra conter a bagunça e impedir que a cidade virasse um grande depósito de areia. Até aí, tudo normal.

Só que o muro ganhou uma nova função inesperada, passando a ser usado por viajantes e mercadores como um lugar de descanso antes de seguirem suas jornadas exaustivas de volta pra casa. Daí o apelido: “Muro dos Cansados”. Totalmente compreensível.

Até hoje, o muro é usado como e continua tendo uma função de pausa. As pessoas param para conversar e observar o mar que separa os dois continentes. E quando o céu está limpo, dá para enxergar as montanhas da Espanha bem nítidas ao fundo.

Recentemente, a praça ganhou uma boa repaginada, com calçadas revitalizadas, bancos novinhos pra sentar e conversar, e até os antigos canhões passaram por restauro. Ficou um espaço bem gostoso pra esticar as pernas e seguir a tradição dos “cansados”.

Tombeaux Phéniciens (Túmulos Fenícios)

O último ponto desta lista com o que fazer em Tânger é surreal! Imagine visitar um lugar que já tinha uma importância social há mais de 2 mil anos!

Os fenícios eram comerciantes e navegadores incansáveis. Eles tinham vários pontos estratégicos pelo Mediterrâneo, e a costa marroquina era uma das paradas deles. Aqui, eles escavaram 98 túmulos direto na rocha, lá entre os séculos V e III a.C. E, claro, só a elite da época tinha direito a esse “condomínio” privilegiado. Segregação social é velha conhecida da humanidade.

Depois, quando os romanos chegaram dominando, removeram o que restava dos antigos ocupantes e passaram a usar a área para seus próprios sepultamentos. Mudou o povo, mas o endereço continuou valorizado.

Agora, não vá esperando sarcófagos, inscrições poéticas ou qualquer coisa cinematográfica. O que sobrou são as cavidades nas pedras, muitas vezes cheias de água da chuva — simples, brutas e impressionantes justamente por isso.

E, pra completar, o lugar ainda rende um dos pores do sol mais bonitos de Tânger. O mar lá embaixo, a costa brilhando e você ali, sentado, assistindo tudo… e sem pagar nada!

Túmulos fenícios e a vista do Mediterrâneo em Tânger, no Marrocos
Túmulos fenícios e a vista do Mediterrâneo em Tânger, no Marrocos. Créditos: Kristal Dale / Fonte: Flickr

O que fazer em Tânger à noite

Os tapas foram excelentes. Como assim, nove dias e você já apanhou de alguém? Não! Você sabe o que são tapas?

Tapas, na Espanha, são aperitivos servidos em bares e restaurantes, geralmente acompanhados por uma bebida, que pode ser alcoólica ou não. Entretanto as tapas são muito mais que simples aperitivos ou petiscos, sendo elas um costume secular e rodeado de teorias e lendas de sua real origem. – Blog Cultura Española

E Tânger foi muito feliz ao herdar essa cultura dos espanhóis. Ao redor da Medina há vários bares e pubs, no estilo dos bares ingleses, que servem os tapas. E o melhor de tudo: os aperitivos são gratuitos! Você só paga a bebida!

Caso você esteja hospedado em um albergue, converse com algum funcionário, pois as chances deles conhecerem os bares que servem esse tipo de tira-gosto são maiores.

Se você sair na raça, procurando um por um, vai gastar muita perna, já que no Marrocos não é comum encontrar estabelecimentos comercializando bebidas alcoólicas. Além disso, chega a ser ofensivo perguntar a um garçom se ele serve cerveja.

No meu caso, tive sorte do dono do albergue resolver juntar os hóspedes pra fazer um tour alcóolico (pub crawl), percorrendo todos os bares que servem tapas na Medina, terminando com as casas de festa da orla de Tânger, que varam a madrugada e tocam música local. É coisa de outro mundo!

É uma pena não ter tirado uma foto nessa noite, pois quando me chamaram, eu entendi “tacos“. E pensei: “por que diabos levar a câmera pra comer tacos numa lanchonete qualquer?”

Passeios ao redor de Tânger

Há muito o que fazer em Tânger, mas também há muitos lugares para conhecer nos arredores e você não pode desperdiçar a oportunidade. Afinal, quando você virá ao Marrocos de novo?

Quando vim ao país pela primeira vez, em 2014, ainda não era possível reservar passeios pela internet com antecedência. A gente tinha que negociar tudo na rua, achar um taxista, torcer para que ele entendesse aonde a gente queria ir e confiar que, no fim do dia, ele realmente nos deixaria de volta no ponto inicial — de preferência vivos e inteiros.

Sem entender muito bem como as coisas funcionavam, acabei entrando num táxi coletivo. A experiência foi doida, um mergulho na vida local, isso eu admito.

Por outro lado, ninguém explicou nada sobre o lugar, eu não entendi metade do que estava vendo e hoje minhas lembranças desse dia parecem aquele filme antigo meio apagado.

Se fosse agora, eu não pensaria duas vezes antes de reservar um passeio guiado. Sei que poupa tempo, é mais confortável e os guias dividem informações que dificilmente conseguiríamos por conta própria.

Enfim, a seguir eu dou algumas sugestões de passeios bate e volta que você pode fazer saindo de Tânger.

Cap Spartel

"O Cabo Espartel é um cabo situado na costa marroquina, perto de Tânger. No penhasco que ali se situa (a 110 m de altura sobre o mar), existe um farol cuja luz se pode ver a 23 milhas náuticas."

Chegar em Cap Spartel foi uma experiência hilária. Até aquele momento, eu não sabia que os táxis de Tânger trabalhavam num sistema de lotação semelhante ao de um ônibus comum.

Ao chegar num ponto próximo ao albergue, o taxista disse que cobraria 10 Dirhams, algo em torno de R$  por pessoa, e estávamos em três.  Pensamos que estava muito barato, afinal de contas andaríamos por uns trinta minutos até chegar ao local.

Ao entrar no taxi notamos que havia dois caras sentados no banco da frente, quase um no colo do outro. E nesse exato momento um senhor entrou conosco no carro. Ou seja, contando com o taxista, éramos sete! E a cada bairro que o taxi passava havia rotatividade de pessoas, alguns saíam e outros entravam. Ah! Agora o preço tá explicado!

Bandeira do Brasil usada no banco de um taxista em Tânger, Marrocos
Bandeira do Brasil usada no banco de um taxista em Tânger, Marrocos. Créditos: Adriano Castro

Ir ao Cap Spartel foi uma experiência engraçada… só lamento a hora em que vimos os primeiros camelos da viagem, pois o carro estava apertado demais pra que eu conseguisse tirar a câmera.

Mas o que eu vi aquele dia me fez perceber que eu realmente estava num deserto. A vegetação rara e os grandes penhascos que davam direto para o mar são imagens que você só está acostumado a ver em filmes.

É aquela hora que você está parado e não quer nem saber da câmera, você só quer ficar ali apreciando e deixando a ficha cair: você está no deserto! Foi um dos momentos mais felizes destes nove dias que estou por aqui.

Aqui vão alguns itens que seu checklist de viagens deverá ter caso Cap Spartel seja um de seus destinos:

  • protetor solar,
  • turbante (acredite, você não querer ter de usar um calção de banho na cabeça pra se proteger do sol)
  • muita água.

Grutas de Hércules

Saindo do Cabo Espartel e seguindo no sentido sul, você chega às famosas Grutas de Hércules. Geralmente, as agências colocam os dois pontos turísticos no mesmo passeio porque são próximos e fica fácil visitar tudo em único dia.

As minhas expectativas estavam nas alturas, já que o lugar mistura arqueologia, com mitologia e geologia, e ainda de tem uma vista sem igual para o oceano.

Segundo a lenda que deu nome ao local, depois de cumprir um dos Doze Trabalhos, Hércules deu uma pausa justamente ali, dentro da caverna. E que foi ele quem dividiu a montanha ao meio, separando a África da Europa e criando o Estreito de Gibraltar.

Agora, o que não é mito é o tamanho impressionante das grutas. Uma parte foi escavada pela natureza, pacientemente, com mar batendo, vento soprando, erosão fazendo o trabalho dela. A outra parte foi ampliada pelos berberes, fenícios e romanos na base da força braçal mesmo, para extraírem pedras.

A atração principal é a abertura voltada para o mar, que dizem ter o formato da África quando vista de dentro. Confesso que tentei enxergar… e nada. Mas vai que você tem mais imaginação que eu.

Ah, e detalhe: as Grutas de Hércules já serviram de cenário para grandes filmes, como Piratas do Caribe e Indiana Jones e a Última Cruzada.

Para finalizar, um aviso amigo: se você vier na alta temporada, chegue cedo. O lugar fica lotado, e aí o mito que você conhece não é o de Hércules, é o da fila.

Horário de visitação: de segunda à sexta, das 11h às 18h30; sábado e domingo, das 11h às 16h.
Preço: 80 dirhams

Praia Achakkar

A Praia Achakkar poderia facilmente entrar na lista de praias mais bonitas do Marrrocos. O cenário é digno de filme, com areias douradas, o mar que vai do degradê do turquesa até o azul anil, águas cristalinas e falésias dos dois lados moldando o cenário

Se você estiver vindo em excursão, talvez nem dê tempo de dar aquele mergulho caprichado. Os tours por aqui são sempre meio acelerados, tipo “desce-tira-foto-sobe pra van”. Então, se sua intenção é realmente curtir a praia, estender a canga e relaxar, considere alugar um carro. A liberdade compensa.

E olha… vou ser sincero: as praias perto de Tânger não ficam devendo nada às praias do sul da Espanha. Aliás, arrisco dizer que ganham em vários quesitos. Não são entupidas de turistas na alta temporada, ainda têm a atmosfera de paraísos intocados, os restaurantes não cobram preços indecentes e ainda dá para achar hotéis próximos com valores inacreditáveis.

A única coisa que me chateou foi ver camelos e dromedários sob o sol quente o dia inteiro para servir como atração turística. Sou completamente contra isso e espero, de verdade, que os leitores do Viajei Bonito só cheguem perto desses animais se for para oferecer água, nunca para alimentar esse mercado. Combinado?

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Onde se hospedar em Tânger

O Petit Socco é a melhor área para se hospedar em Tânger. O lugar é seguro, dentro da Medina, cercado por cafés históricos, museus e comércios, com acesso fácil ao Grand Socco, onde ficam os táxis que podem te levar a qualquer lugar nos arredores da cidade.

Eu fiquei no Socco Hostel, que tem quartos privativos e compartilhados. Nos dormitórios, as camas são confortáveis, com tomadas individuais e cortinas que garantem privacidade e um conforto a mais. Tem também áreas comuns para interagir com outros hóspedes e um terraço com vista para a Medina, onde o café da manhã é servido.

De qualquer maneira, se você não quiser se hospedar em hostel (mesmo com quartos privativos), existem três hotéis que fazem sucesso no Petit Socco:

Mapa de pontos turísticos em Tânger

Para facilitar na organização do roteiro, fiz um mapa com o que há para fazer em Tânger, entre pontos turísticos, os passeios de bate e volta e hotéis que citei neste guia.

Até logo, Tânger

Bom, depois de nove dias em Tânger, confesso que já estou sentindo falta, sabendo que amanhã cedo parto para o próximo destino.

Como você pode ter percebido, eu não visitei nem metade dos lugares recomendados pelo albergue na primeira imagem deste artigo. Mas a boa notícia é que volto pra cá daqui a um mês, antes de pegar a barca pra Espanha. Então ainda tenho tempo de sobra.

Além de um até logo, Tânger, também dou a você um até logo! Próximo destino: Chefchaouen, a cidade azul! Semana que vem volto com mais artigos sobre este país que tem me surpreendido mais a cada dia!

Até logo!

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Adriano Castro

Formado em Ciência da Computação pela UFJF, trabalhou durante 10 anos como analista de sistemas até chutar o balde e tocar a vida como freelancer, carregando seus projetos para onde quer que vá.

6 pensou em “O que fazer em Tânger, Marrocos

    1. Sinceramente, acredito que não estamos falando do mesmo lugar.
      As praias de Tânger são paradisíacas, com mar azul e temperatura deliciosa! Não fui na alta temporada, estive lá em um mês de abril, mas me surpreendi positivamente com a limpeza. Quanto ao cheiro, nada além do normal de qualquer mercado em qualquer lugar do mundo.

  1. Obrigado pelo seu relato, Adriano! Relatos de quem passou muito tempo no país e viveu como um local são muito importantes. Alguma sugestão de lugar para comer em Tânger? Obrigado por compartilhar suas experiências!

    1. Oi, Henrique! Elogios repassados ao Adriano. Quanto ao lugar para comer, a sugestão é o Le Salon Bleu, fica no alto da praça do kasbah e tem uma vista linda! Comidas típicas muito saborosas e preços amigáveis.

  2. Adorei as dicas! Tânger parece ser um destino incrível e cheio de histórias. Mal posso esperar para explorar o mercado e experimentar a comida local. Obrigado por compartilhar suas experiências!

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