Viajei Bonito

Planejamento de viagens e nomadismo digital

Uma volta ao passado em São José das Três Ilhas, Minas Gerais

O roteiro do Caminho Novo que liga [link tag=”ouro-preto”]Ouro Preto[/link] até a cidade do [link tag=”rio-de-janeiro”]Rio de Janeiro[/link] é um dos mais ricos da [link tag=”estrada-real”]Estrada Real[/link]. Entre cidades históricas, polos regionais, fazendas e belas paisagens, esse caminho também guarda pequenas cidades, dessas que fazem a gente ter certeza que a felicidade mora na roça. Um desses lugares é São José das Três Ilhas.

Localizada a 53 km de Juiz de Fora, São José das Três Ilhas é um distrito de Belmiro Braga que possui apenas 250 habitantes. O vilarejo, tão gracioso, ainda está fora dos circuitos mais procurados pelos turistas, o que é uma pena, tendo em vista que o traçado urbano da rua principal permanece intacto desde seu tempos áureos, preservando casarões coloniais que formam um belo conjunto arquitetônico, além de uma imponente igreja de pedra construída em estilo neorromânico.

O que fazer em São José das Três Ilhas

Se você era criança nos anos 1990, provavelmente vai achar São José das Três Ilhas um tanto familiar. É que o distrito foi a locação escolhida para as gravações do filme “Menino Maluquinho 2”, gravado em 1997. Na história, o personagem principal ia passar férias na cidadezinha onde morava o avô, papel interpretado por Stênio Garcia. Mas e na vida real, o que fazer em São José das Três Ilhas?

Para quem procura se desligar do mundo, não há destino melhor que esse, onde o contato com o mundo é presencial, não há conexão 3G e muito menos wi-fi. Sinal de celular até pega em alguns lugares, mas pra quê? Há tantas histórias curiosas para ouvir da boca dos moradores, seria um desperdício trocar uma boa prosa tête-à-tête por bate papo ao telefone.

Aproveite o dia para respirar ar puro, entrar em contato com a natureza, observar o patrimônio histórico e degustar o melhor da gastronomia mineira no único restaurante local.

A igreja de Pedra

[vb_gallery ids=”13014,13013″]

A Matriz de São José foi erguida com recursos cedidos por três barões do café, entre eles Bernardino de Barros, o Barão das Três Ilhas. A igreja começou a ser construída pelos escravos, já no final do século XIX, mas as obras foram interrompidas com a abolição da escravatura e retomadas anos mais tarde. A princípio ela foi construída com pedras, mas com o retorno das obras o material também mudou, sendo substituídos por tijolos de barro, que eram mais leves e mais baratos. O viajante displicente nem nota esse detalhe, mas quem observa atentamente as torres consegue vê-lo nitidamente.

Outra curiosidade da igreja de pedra de São José das Três Ilhas diz respeito ao anjo que ornamenta o chafariz do jardim. Moradores contam que o tal querubim ficava em uma lápide do cemitério local, mas que durante uma forte chuva ele teve as asas quebradas. Para salvar o que sobrou do monumento, colocaram-no ali.

[vb_gallery ids=”13015,13016″]

Ao longo da rua e ao lado da igreja podemos ver também cinco Passos da Paixão de Cristo, pequenas capelinhas com portas de madeira que sobreviveram ao tempo.

Vale lembrar que a igreja não fica aberta todos os dias, apenas durante as missas, que acontecem sempre no primeiro domingo de cada mês, às 11h.

Fora desse período é necessário procurar pelo Adilson ou pela Dona Laura, que são as pessoas que ficam com as chaves e cuidam da igreja. Para achá-los é fácil, basta perguntar para qualquer morador que passar pela rua. Todo mundo se conhece.

A chave da Matriz de São José está em posse de moradores locais. Basta encontrá-los para visitar o interior da igreja
A chave da Matriz de São José está em posse de moradores locais. Basta encontrá-los para visitar o interior da igreja. Créditos: Gisele Rocha

Importante saber: não é permitido fotografar o interior da igreja devido ao desgaste das pinturas que infelizmente ainda não foram restauradas por falta de verba. Não seja um desses turistas predatórios que só pensa naquele click para o Instagram, ok?

Mais uma dica: o único restaurante de São José das Três Ilhas fecha bem cedo, por volta das 13h. Então, se você for ficar algum tempo pela cidade, não se atrase e leve um lanche na mochila por precaução. Do contrário, só conseguirá comer em Belmiro Braga.

Fazendas do Ciclo do Café

Localizadas nas divisas entre os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, as fazendas de Belmiro Braga e Rio das Flores possuem grande valor histórico, cultural e arquitetônico e são lembranças do Ciclo do Café, da riqueza e imponência da região naquele período.

Em Belmiro Braga visite a Fazenda Boa Esperança. A construção dos anos 1870 foi erguida pelo Barão das Três Ilhas, Bernardino de Barros. Ainda hoje, a Boa Esperança conserva móveis, documentos e objetos daquela época. Ela é aberta a visitação, mas é preciso entrar em contato com o proprietário para agendar o passeio.

Já em Rio das Flores, atravessando a fronteira do Rio de Janeiro, encontramos a [bookinglink id=”2617434″ text=”Fazenda União”], que foi construída no século XIX e hoje figura entre as mais preservadas remanescentes daquele período. O casarão de 1836 foi construído a mando do Visconde do Rio Preto e preserva o mobiliário original, por isso é tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. O lugar funciona hoje como um hotel de luxo que atrai àqueles que buscam vestígios do que foi o Ciclo do Café na região do Vale do Paraíba.

Também construída em Rio das Flores por ordem de Visconde do Rio Preto, a Fazenda do Paraízo produziu café até meados da década de 1950 e hoje dedica-se a produção de gado. O casarão possui 2200 metros quadrados e preserva móveis e objetos do século XIX.

Entender a riqueza da região durante o século XIX é olhar para a sede da Fazenda Paraízo: dois andares com 58 cômodos, 99 janelas, mobiliário francês, lustres de cristais e pinturas artísticas nas paredes. O local é aberto a visitação mediante agendamento prévio no site da fazenda.

Pousada em São José das Três Ilhas

[vb_gallery ids=”13020,13018,13019″]

Por ser um vilarejo muito pequeno e com pouca estrutura turística, não há pousadas em São José das Trilhas. A opção é se hospedar em Belmiro Braga, que fica a 13 km de distância, em Rio das Flores que está a 27 km ou em Juiz de Fora, a 53 km.

Entre as opções de hospedagem encontramos a Pousada Lago das Pedras*, em Juiz de Fora, com vários chalés e uma piscina deliciosa. Mas se você deseja ficar mais próximo às atrações da região de São José das Três Ilhas, é mais conveniente ficar em Rio das Flores, seja na [bookinglink id=”2617434″ text=”Fazenda União”], a [bookinglink id=”1994513″ text=”Vila Flor”] ou na [bookinglink id=”2146745″ text=”Pousada Lírios do Campo”].

* Atualização: em 15 de outubro de 2018 identificamos que a Pousada Lago das Pedras não estava mais disponível no [vb_product_link code=”BOOKING”]. [bookinglink tag=”juiz-de-fora”] é a nossa sugestão para Juiz de Fora.

Quando ir a São José das Três Ilhas?

Uma época ótima para conhecer São José das Três Ilhas é durante o mês do julho. O distrito realiza a Festa de São José que conta com almoço com comidas mineiras, sorteios de prêmios, exibição de filmes, shows, orquestra e missa sertaneja. Uma oportunidade única de conhecer a localidade e apreciar a vida de quem vive por lá.

Como chegar a São José das Três Ilhas

Estrada para São José das Três Ilhas, em Minas Gerais
Estrada para São José das Três Ilhas, em Minas Gerais. Créditos: Gisele Rocha

Saindo de Juiz de Fora: basta seguir pela BR-040 sentido Rio de Janeiro até a saída 802. A partir dali siga pela MG-353 até a Estrada de Belmiro Braga. Chegando na cidade, são mais 20 km de estrada de chão até São José das Três Ilhas. A viagem leva um pouco mais de 1h.

Saindo do Rio de Janeiro: há dois trajetos para se chegar a Belmiro Braga a partir da capital fluminense. O primeiro é bem parecido com o caminho de quem vem de Juiz de Fora: basta seguir a BR-040 sentindo Juiz de Fora até a saída 802 e seguir pela MG-353 até Belmiro Braga. Nesse trajeto, a viagem leva cerca de 3h. A outra opção é seguir pelo interior do estado do Rio de Janeiro pela Rodovia Presidente Dutra até a RJ-145 em Piraí. Siga pela rodovia até a divisa entre os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, em Rio das Flores. Da cidade até São José das Três Ilhas são 27 km. A viagem dura no total um pouco mais de 4h.

Gisele Rocha

Formada em Comunicação Social pela UFJF. Andou meio mundo tentando descobrir o que queria fazer, até descobrir que queria mesmo era andar pelo mundo.

24 pensou em “Uma volta ao passado em São José das Três Ilhas, Minas Gerais

  1. Muito legal esse lugar! Às vezes é muito bom visitar lugares assim pra gente entender o passado e o essencial, né?! Adorei as fotos. Ficaram com um clima super misterioso. E essa chavona?! Gigante, hein?! Hehehe.

    1. Ouvi dizer que a antiga guardiã da chave, já falecida, andava com ela pendurada no pescoço. Deve ter ficado corcunda a coitada, porque é bem pesada!

  2. Moro do lado de Juiz de Fora e nunca ouvi falar de São José das Três Ilhas…parece uma típica cidadezinha mineira. Fiquei com vontade de conhecer, quando for a JF tentarei dar um pulinho aí.

  3. Puxa Gisele que post fantastico! Eu nunca tinha ouvido falar em São José das Trilhas apesar de amar arquitetura colonial e as cidades históricas de Minas. Pena que agora moro fora do Brasil, mas quem sabe um dia retorno e faço esse roteiro né?

    bjs
    Dani Bispo
    abolonhesa.com

  4. Queria ficar u mês inteiro só conhecendo essas cidadezinhas de Minas Gerais, que me fascinam! Eu ainda não havia lido nada sobre essa cidade, super legal sua matéria!

  5. Nunca tinha ouvido falar da Estrada Real e desse destino! Adorei as fotos e a descrição da viagem. A Igreja de Pedra parece imponente e fazer as fazendas do café parece um roteiro super interessante!

  6. Estivemos região nesse fim de semana , quase todas fazenda que estavam fechadas , com exceção a fazenda santo Inácio que funciona com um restaurante de comidas mineiras , que você pode comer a vontade $40,00 por pessoa , super recomendo , pois o atendimento dos anfitriões é diferencial a parte. A fazenda são Fidelis esta senda reformada , mas esta em funcionamento com vendas de doces , cachaças , café , linguiça , frango na banha e artesanatos da região , não deu para conhecermos a igreja o que foi uma pena , mas pretendo em uma próxima ocasião , mesmo assim o passeio foi ótimo amo tanto viajar por essas estradas que se dependesse de mim eu nem desarrumaria as malas.

  7. Em São José das Três Ilhas tem uma hospedaria e Pousada São Jose.
    Quase em frente à Igreja! Fomos passear no sábado e almoçamos por lá! Comida ótima e o atendimento tbem! Fica a dica!

    1. Podem confiar nesta dica! Também passei por lá e o atendimento é ótimo e o lugar uma graça. O ideal é ligar antes para garantir e só abre de sexta a domingo!

  8. São José das Três Ilhas é realmente maravilhoso. Ha cerca de 1 ano foi inaugurada a Hospedaria e Pousada São José, que conta também com um restaurante para os visitantes. Passear ficou muito mais gostoso agora.

  9. Salvei esta postagem para uma oportunidade e neste último fim de semana, 17/11/19 consegui visitar São José das Três Ilhas! Lugar com grande potencial para desenvolvimento do turismo como pólo gastronômico. Almocei na Pousada São José, quase em frente à igreja e que dispõe de buffet mineiro à vontade de 12h às 15h, R$ 24,90 por pessoa. A pousada também oferece wi-fi e pensão completa. Tem piscina, podendo passar o dia somente com o custo de consumação. Sinal de celular já funciona pois foi instalada uma antena. Gostei bastante do passeio e consegui visitar o interior da igreja com ajuda do Adilson que foi muito solícito. Espero que numa próxima ida já tenha maior estrutura para turistas pois o ar bucólico combina com boa estadia e comida.

  10. Os meus avós moravam lá e minha mãe nasceu ;na epoca era conhecida como morar na roça eu com 12 anos fui conhecer o lugar que minha mãe nasceu .Na epoca não existia luz nas casa ,nem nas ruas ;as ruas guando tinha lua cheia era muito lindo tornando as ruas claras iluminadas
    Hoge mudou muito a casa dos meus avós foi reformada mas o estilo dela continua o mesmo

  11. Local super agradável
    Pessoas simples e verdadeiras como nosso Brasil sempre foi
    Pena que estão acabando com esses locais
    Comida simples mais bem temperada
    (Com carinho de vó)
    Parabéns para quem tem oportunidade de aproveitar

  12. Meu Bisavô Giuseppe Fabbris trabalho com a família na fazenda Boa Esperança.
    Tem algum patrimônio por perto com nome de São Francisco. Estou procurando certidão de nascimento de João Luis Fabris 24/06/1894

    1. Geovania Aparecida Fabris, bom dia. Eu te recomendo ir lá no Cartório de São José das Três Ilhas, MG. Fácil acessível de o atendimento é muito bom. Pertenço a Família que é proprietária da Fazenda Boa Esperança naquele Município. Vou anotar o nome do seu Bisavô e buscar alguma informação acerca desse nome…Não te prometo nada, mas vou tentar te ajudar…
      Sou do Rio de janeiro ([email protected]). A Fazenda da Boa Esperança foi finalizada a sua Sede em 1874, ou seja, o seu Bisavô deve ter trabalhado nela na fase áurea de sua produção cafeeira. Faça contato e envie seu e-mail. Att Thiago Bergo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para o topo