Montevidéu sem gastar nada
O namorado é professor e só tem férias em janeiro – o que por si só já garante gastos elevadíssimos em hospedagem e alimentação. Já era novembro e nada de fecharmos o destino da nossa próxima viagem. Queríamos a Amazônia, queríamos a Colômbia, mas a falta de planejamento meses antes e os altos custos levaram os nossos planos por água abaixo. Estávamos quase encarando uma praia próxima muito a contragosto quando lembramos do [link tag=”uruguai”]Uruguai[/link]. Por que não?
Nossa escolha não poderia ter sido melhor. Com baixo custo – se levarmos em consideração a temporada – conseguimos fazer um tour de 14 dias por quatro cidades do nosso vizinho. E foi a capital do país, da qual não esperávamos muita coisa, que surpreendeu. Montevidéu foi feita para ser vivida e descoberta. Na cidade, as pernas são seu maior aliado e cada canto pode revelar um traço interessante da cultura local. Por isso, andamos de ônibus apenas uma vez – embora seja fácil e barato. Seja para ir à zona sul ou à rodoviária, locais bem distantes de onde estávamos hospedados, optamos por caminhar e isso nos permitiu conhecer lugares que não aparecem na lista dos 10 +.
Optamos por um hotel bem simples na Cidade Velha. A localização é boa e, nessa área, hotéis e hostels custam mais barato que nos bairros nobres como Pocitos ou Punta Carretas. A região é antiga, detalhe confirmado pela arquitetura, e muitas vezes aparenta abandono, mas respira cultura e personalidade. Logo no primeiro dia fizemos o reconhecimento de toda a área. Definimos a Plaza Independencia como ponto de partida. Além de abrigar o Mausoléu do General Artigas, o Palácio Salvo e o Teatro Solis – todas opções gratuitas, ela divide a cidade moderna da área centenária.
A Puerta de la Ciudadela aponta o lado da Ciudad Vieja. O portal é o que restou da fortaleza que protegia Montevidéu na época colonial. A partir dela segue a Calle Sarandí, fechada para carros e repleta de lojas, casas de câmbio, feirinhas e a imponente Catedral Metropolitana. Alguns quarteirões a frente, a ruela Perez Castellano leva à região portuária e ao famoso Mercado del Puerto. Construído em 1868 com estruturas de ferro, é parada agradável para degustar uma cerveja e o que não faltam são restaurantes que servem a famosa parrilada. Embora todo e qualquer lugar insista que o local seja ideal para comer, não vi motivos para pagar mais de 150 reais por cabeça num assado que fora do mercado custa 20.
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O outro lado de Montevidéu
Do lado oposto da Plaza Independencia, a avenida 18 de Julho leva o viajante para outro mundo, mais moderno. Logo no primeiro quarteirão, a Plaza del Entrevero guarda uma surpresa: abriga no subsolo um centro de exposições de arte contemporânea. Adivinhem? Grátis! Antes de chegar à Intendencia Municipal (prefeitura), melhor vista panorâmica da cidade, há ainda o Mercado de los Artesanos – feira local de artesanato, e a Fuente de Los Candados – onde casais deixam cadeados com suas iniciais para eternizar o amor. Já no prédio da prefeitura, a entrada e subida ao terraço é gratuita. Basta retirar um ticket no guichê turístico em frente e subir até o 23º andar. Porém, como qualquer órgão público, só funciona de segunda a sexta (das 11h às 11h30, das 14h às 14h30 e das 15h às 15h30).
Uma boa opção para conhecer Montevidéu sem gastar nada é acompanhar um free walking tour. A Juliana, do Juny pelo Mundo contou sobre um passeio que ela fez com uma guia muito simpática.
Passeio de domingo
Aos domingos, a maioria dos estabelecimentos fecham em Montevidéu. Nem por isso faltam opções de passeios gratuitos. Pela manhã, caminhamos até a calle Tristán Narvaja, onde acontece uma feira inacreditável. Fãs de cacarecos (eu) piram. São nada mais nada menos que dezenas de quarteirões dedicados a tudo aquilo que o expositor – qualquer montevideano, não quis mais em casa. Acrescente à lista garrafas velhas, tampinhas, botões, pratos antigos, artigos de guerra… impossível enumerar o que é vendido por lá. Dá para passar horas olhando as bugigangas.
De lá, pegamos um ônibus (104) até o Parque Rodó, o maior da cidade. Atravessamos a extensa área por entre árvores, monumentos, fontes, museu, campos esportivos a até mesmo um cassino, pois o objetivo final era chegar até a Playa Ramirez e caminhar pelas ramblas (calçadões) até a Playa de los Pocitos. O dia estava quente, mas o vento litorâneo contribuiu para o passeio. Caminhamos lentamente os 5 km que ligam uma praia à outra observando o movimento. Antes de chegar ao destino final e usufruir o que uma boa faixa de areia e mar tem para oferecer, ainda demos uma passada no Punta Carretas Shopping. Não, shoppings não são legais em viagens! Mas nesse caso, o local vale a visita pois já foi uma prisão e recebeu guerrilheiros na ditadura uruguaia – entre eles, José Mujica. O prédio foi remodelado mas mantém parte da arquitetura.
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Um adendo importante: nem só de vinho vive o Uruguai e era verão. Logo, nossas maiores companheiras durante todos os dias da viagem foram Patrícia e Norteña – cervejas bem comuns e leves. Nos restaurantes custavam quase o equivalente a 20 reais. Mas nos supermercados dava para pagar preço justo e foi nossa escolha na maioria das vezes. Só não vendem na praia (fuen)!
Como chegamos e onde hospedamos
Em cima da hora e sem muito orçamento, nossa opção foi comprar uma passagem com milhas para Porto Alegre e, de lá, pegar um ônibus da TTL para Montevidéu. A viagem rodoviária dura 12 horas, custa R$ 200 e é tranquila, além de oferecer um lanche à noite e café da manhã. Fora de temporada e com antecedência, é possível achar passagens aéreas saindo de São Paulo ou Rio de Janeiro por cerca de R$ 400. Então, a dica é programação.
Escolhemos o Hotel Florida* pela localização. É velho e um pouco descuidado, mas nada que incomode quem não tem muitas exigências além de dormir bem e tomar banho quente. Há muitas outras opções na Cidade Velha mas, novamente por conta da falta de planejamento, muitos locais não tinham mais vagas. Depois de conhecermos outras regiões, concluímos que escolhemos mesmo o melhor bairro. Outras locais são mais nobres mas mostram pouco do que é a real Montevidéu. Confira também um guia completo sobre onde se hospedar na cidade.
* Atualização: em 15 de outubro de 2018 identificamos que o Hotel Florida não estava mais disponível no [vb_product_link code=”BOOKING”]. Você pode ver outras sugestões de [bookinglink city_ufi=”-907764″ text=”hospedagem em Montevidéu aqui”].
A região também é excelente para trocar moeda brasileira pelo peso uruguaio. Devida grande concentração de casas de câmbio, é possível pesquisar bastante e encontrar taxas mais em conta do que em qualquer outro local.
Já conhece a cidade e tem mais dicas bacanas de lugares gratuitos para incluir na lista? Compartilha com a gente!
adorei essa feira de domingo… se nao tivesse em curso para a Argentina e muitos dias pela frente, tinha comprado muito treco… Montevideo é linda, ainda que muito cara, mas ha coisas que se faz sem grana.
Gostaria de saber se você comprou pesos uruguaios aqui no Brasil para levara para Montevidéu ou trocou lá? Tem um mínimo pra entrar no país? Qual o valor você recomenda para passar 5 dias em 2 pessoas (alimentação, transporte, passeios etc.)?
Gostaria de saber se você comprou pesos uruguaios aqui no Brasil para levar para Montevidéu ou trocou lá? Tem um mínimo $ pra entrar no país? Qual o valor você recomenda para passar 5 dias em 2 pessoas (alimentação, transporte, passeios etc.)?