Xangai é uma cidade cosmopolita e funciona tanto como alternativa asiática para o turismo mochileiro com inúmeros albergues e programas econômicos, quanto como destino de luxo. Por ser do tamanho que é, não seria cair no clichê dizer que “é preciso uma vida inteira para conhecer Xangai”, mas logicamente em um roteiro otimizado é possível conhecer em quatro/cinco dias os principais pontos da cidade: Pudong, Bund, Nanjing Road, People Square, Casa de Chá de Xangai (e sua região com arquitetura incrível) French Concession, assim como os museus da People Square, shoppings incrivelmente grandes, etc.
Se estiver viajando pela maior cidade da China de mochilão ou a trabalho e estiver com o tempo sobrando para dar aquela esticada criativa em lugares incríveis, opção é o que não falta para todos os gostos e bolsos. Desbravar os arredores de Xangai também surge como possibilidade pra quem estiver cansado da agitada metrópole internacional e quiser conhecer destinos mais regionais. Aqui vão 5 dicas de destinos (3 próximos e 2 bate-e-volta para esticar o dia ou o final de semana), onde é possível ter um contato mais intenso com a cultura e a identidade local chinesa em cidades e regiões com diferentes dinâmicas e “personalidades”.
1 Hangzhou: a bucólica
Essa é de fato uma cidade com beleza de tirar o fôlego e tenha certeza que você irá concordar comigo depois de conhecer essa pérola chinesa. Localizada cerca de 190 quilômetros de distância de Xangai, vale a pena reservar no mínimo dois dias inteiros para se aventurar por Hangzhou ou três para curtir e conhecer bem a cidade. Existem muitas atrações como templos, parques, comércio local e é claro, o lago, que é o protagonista todo-poderoso da cidade que foi a capital da China cerca de 800 atrás. A capital da província de Zhejiang é compartilhada por esse belíssimo Lago do Oeste que está no meio do centro patrimonial da cidade e possui incríveis 6,5 km². Para se locomover ao redor do lago uma dica é pegar carona nos carrinhos abertos que passam por ali transportando turistas. Não lembro exatamente o preço do transporte, mas era algo em torno uns 10 reais para trajetos longos, considerando que tudo é bem distante. Ele passa por todos os pontos turísticos ao redor do lago.
Nos arredores do Lago Oeste é possível conhecer vários pagodes (tipo de torre com múltiplas beiradas, comum na Ásia. Algumas são utilizadas para fins religiosos e patrimoniais). Eu visite o pagode Leifeng, achei muito caro, (cerca de 40/50 reais), mas a vista para o lago oeste é tão bonita que depois a gente nem lembra o valor pago anteriormente. Lá dentro tem templo, museu e observatório panorâmico. Se o $$ estiver curto, não vá.
Ao redor do lago não faltam opções gastronômicas: restaurantes lindos (que infelizmente não são para todos os bolsos) ajudam o compor o charme do cenário. Todos possuem vista para o “West Lake”. Como meu dinheiro estava contado tive que optar mesmo pela Starbucks mais charmosa que eu já entrei. Valeu a pena o café.

Aconchegante Starbucks na beira do Lago Oeste. O café foi o mais em conta que encontrei pra aquecer do frio em região dominada por restaurantes mais caros. Créditos: Livinha Machado
Existem várias opções de comércio e restaurantes típicos em Hangzhou no acolhedor calçadão turístico “Hefang Old Street”, principal centro da cidade. As opções de preço são ótimas em comparação ao Brasil, mas cara em termos de China. Na “Hefang Old Street” você também encontra uma estátua dourada do simpático e sorridente Buda. Fique atento que logo ao lado do Buda dourado você encontra uma loja incrívellll com diversas estátuas douradas e mesmo que não tenha a intenção de comprar nada, vale muito a pena a visita. Outro lugar legal de conhecer na Hefang Street é o Museu de Medicina Chinesa com um acervo interno sobre de ervas, substâncias diversas e história dos medicamentos na China.
Templo de Lingyin
Esse templo budista é incrível. A religiosidade transparece nas dobras do lugar e está presente na delicadeza dos gestos dos visitantes. Para ir ao complexo de Templo de Lingyin não foi fácil. Aguardei durante 1 hora no ponto de ônibus que disseram que havia transporte para esse parque de templos budistas e não consegui pegar nenhum (era final de semana, pode ser em função disso). Tentei entender numa conversa atrapalhada com o taxista quanto seria o valor de táxi até lá e ele disse que o preço seria o equivalente a R$50,00… Muito caro!!! Mas o templo fica ligeiramente longe de Hangzhou, cerca de 30 minutos de táxi. Na hora não vi outra opção, já que ninguém entendia que eu queria confirmar se tinha transporte público pra lá naquele dia. Na volta também paguei o equivalente em reais e voltei de táxi. Esperei cerca de 2 horas e meia (isso mesmo!!) pelo ônibus que teria como destino a região do albergue no estacionamento de transportes públicos do complexo e ele também não passou por lá. Este aliás, é um problema na China: conseguir comunicar em inglês. Enfim, mesmo pagando caro pra ir e voltar valeu a pena cada minuto no Lingyin Temple, um dos maiores da China, onde pude sentir uma espiritualidade que atravessa gerações e está presente na filosofia e estilo de vida dos chineses. O complexo de templos e espaços para oração e meditação próximos à natureza merece um dia inteiro só pra ele!
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No pátio do Templo de Lingyin, em Hangzhou, na China. macchi / Fonte: Flickr -
O Templo de Lingyin é um dos maiores da China e é ambiente de serenidade. Missy Schmidt / Fonte: Flickr -
Turistas e fiéis no Templo de Lingyin, em Hangzhou, na China. Proggie / Fonte: Flickr -
Buda Sorridente no Templo Lingyin, em Hangzou, China. Bernhard Scheid / Fonte: Flickr
Onde se hospedar em Hangzhou
Nos dois dias que estive em Hangzhou fiquei hospedada no Hangzhou International Youth Hostel* e recomendo muito este albergue com localização fantástica ao lado do Lago Oeste (ao lado mesmo: cerca de 2 minutos à pé do lago), muito limpinho, estiloso e acolhedor. Exatamente ao lado da entrada do hostel tem um bar com música ao vivo bem legal. No dia que eu fui tinha uma banda europeia tocando Jimi Hendrix.
Atualização: em 15 de outubro de 2018 identificamos que o Hangzhou International Youth Hostel não estava mais disponível no Booking. Você pode ver outras sugestões de hospedagem em Hangzhou aqui.
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Lago do Oeste e Torre Leifeng ao fundo, em Hangzou, nos arredores de Xangai, na China. Soory / Fonte: Flickr -
Jardim às margens do Lago do Oeste, em Hangzou, China. Lauren Parnell Marino / Fonte: Flickr
2 Suzhou: a tímida

Suzhou é uma cidade cheia de jardins magníficos e muito bem cuidados. Créditos: Rita Heine / Fonte: Flickr
Suzhou é outra cidade linda demais que fica cerca de 85 quilômetros de distância de Shanghai. Eu gostaria de ter reservado mais do que 2 dias pra passar nessa cidade, considerando o tempo absurdo de locomoção: o transporte público era ruim, as pessoas não falavam inglês, então é difícil pedir informação. É uma cidade difícil de andar, por conta dos canais. Ao contrário de Hangzhou, não me pareceu uma cidade que tem muita infraestrutura para turismo. Três horas foi o tempo demorei desde a hora que cheguei na estação de Suzhou até entrar no meu albergue, sendo que ele era bem próximo da estação. Perdi grande parte do dia e muitas atrações que eu gostaria de visitar já estavam fechadas por conta da difícil locomoção e facilidade em me perder.
Em Suzhou quis visitar um monumento estilo pagode que ficava perto do Museu de Ceda e era um pouco longe. O pagode estava fechado, o museu eu achei legal, mas não recomendo quem estiver com o tempo contato em Suzhou. A própria formação da cidade já trás uma sensibilidade artística singular e já é uma atração por si só.
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Ao fundo, a vista da torre de um pagode em Suzhou, China. Jonathan / Fonte: Flickr -
O Jardim do Administrador Humilde, em Suzhou, demorou 16 anos para ficar pronto e foi concluído em 1526. Jonathan / Fonte: Flickr -
Observatório do Jardim do Administrador Humilde, em Suzhou, China. Jonathan / Fonte: Flickr -
Homem desenhando no Jardim do Administrador Humilde, em Suzhou, China. Jonathan / Fonte: Flickr -
Ponte de pedra em Suzhou, China. Jonathan / Fonte: Flickr -
Bonsai do Jardim do Administrador Humilde, em Suzhou, China. Jonathan / Fonte: Flickr
Onde se hospedar em Suzhou
Em Suzhou fiquei hospedada no belíssimo albergue Ming Han Tang International Youth Hostel. Boa localização, limpinho, no meio do centro histórico. Mas demorei muito tempo pra chegar nesse albergue por conta da difícil localização da cidade. O albergue possui uma área coletiva muito linda e é bem aconchegante.
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O albergue possui uma área coletiva muito linda e bem decorada. Livinha Machado -
Suzhou é uma cidade linda, porém difícil de andar. O transporte é precário, as atrações ficam distantes umas das outras e a cidade é de difícil locomoção por conta dos canais. Livinha Machado
3 Nanquim (ou Nanking, ou ainda Nanjing): a imponente
Desisti de ir para Nanquim depois de sentir que o tempo seria curto para Hangzhou, mesmo estando com albergue reservado para esta cidade. (Esse é o lado bom de poder viajar com o roteiro flexível). Nanquim é uma cidade um pouco mais longe de Xangai, totalizando umas três horas de viagem (ida e volta), mas considerando termos de China, que é bemmm grande, isso é praticamente nada. A antiga capital da China com cerca de 10 milhões de habitantes é enorme e acredito não valer a pena uma visita com prazo menor do que 3 dias dedicados a ela. Dá pra curtir a Montanha Púrpura, Templo de Confúcio e Memorial das vítimas do massacre de Nanquim.
Onde se hospedar em Nanquim
Embora eu não tenha ido a Nanquim, sei que existem hostels bem avaliados na cidade. Entre eles, posso citar o Nanjing Sunflower Hostel (70).
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Existem várias atrações na Montanha Púrpura como esse imponente mausoléu de Sun Yat-Sen, um político chinês. Charlotte Powell / Fonte: Flickr. -
Memorial das vítimas do massacre de Nanquim, na China. John Lam / Fonte: Flickr -
Dia chuvoso em Namquim, nos arredores de Xangai, na China. Gu Ming / Fonte: Flickr
4 Zhujiajiaozhen: a romântica

Gôndolas em um dos canais de Zhujiajiaozhen, a Veneza da China. Créditos: Sergio Tittarini / Fonte: Flickr
Já pensou em conhecer uma espécie de cidade à la Veneza, repleta de canais e detalhes charmosos em plena China? O destino com esse nome estranho impronunciável é uma alternativa! Cerca de 1 hora de distância do centro de Xangai e com cerca de 1700 anos de existência, esse subúrbio faz parte do distrito Qingpu. Muitas pessoas utilizam barcos como meio de transporte para suas casas e moram na beira do Rio. O principal ponto de referência da cidade é a Fangsheng Bridge, incrível ponte de pedra na entrada do centro histórico. Com apenas com um dia bate-e-volta é possível conhecer essa cidade de pronúncia “Sujájau”. É possível ir utilizando o transporte público ou empresas de minivans que organizam transporte para o local. Basta trocar ideia no seu hotel ou hostel. Tal qual Veneza, a melhor coisa para se fazer em Zhujiajiaozhen é justamente “se perder” na beleza da própria cidade, com construções históricas restauradas da dinastia Qing e Ming, atravessar aquelas dezenas de pontes e, é claro, fazer um passeio de barco.
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Kezhi Gardens em Zhujiajiaozhen, na China. Jonathan / Fonte: Flickr -
Romantismo e beleza em Zhujiajiaozhen, nos arredores de Xangai, na China. Sergio Tittarini / Fonte: Flickr -
Conduzindo a gôndola pelos canais de Zhujiajiaozhen, nos arredores de Xangai, na China. Sergio Tittarini / Fonte: Flickr -
Lanchinho em Zhujiajiaozhen, na China. Carlos ZGZ / Fonte: Flickr -
Pelos canais de Zhujiajiaozhen, perto de Xangai, na China. Madeleine Ball / Fonte: Flickr -
É possível fazer um bate-e-volta de Xangai até a cidade de Zhujiajiaozhen, na China. Carlos ZGZ / Fonte: Flickr
5 Qibao: a tradicional
Qibao é uma espécie de China interiorana muito próxima de Xangai, com cerca de 18 km de distância. Trata-se de uma cidade antiga de mais de 1.000 anos afastada do centro efervescente da cidade, onde é possível ir de metrô. Em Qibao você encontra clima, comida e um estilo de vida totalmente diferente do centro comercial da metrópole: feiras com comidas alternativas, construções típicas de dinastias antigas e canais que cruzam a antiga Qibao. O centro dessa cidade patrimonial é pequeno e é possível desfrutá-lo com passeio de apenas um turno: à tarde é ainda melhor. Caso queira conhecer Qibao pegue a linha nove, desça em Qibao e siga em direção à saída 2 para o centro histórico.
Mitos e verdades sobre a China
Se você acha que a China é um país poluído, com higiene duvidosa, onde as pessoas se alimentam de insetos e carnes de cachorro, chegou a hora de acabar com o seu preconceito. A Nayara Imazu do blog O Baú do Viajante citou 5 mitos e 5 verdades a respeito desse país fascinante. Leia aqui.
Onde se hospedar em Xangai
Hostels não faltam em Xangai, mas é preciso escolher com cuidado, lendo atentamente as avaliações para não ter uma surpresa desagradável. O Blue Mountain Bund Youth Hostel (61), por exemplo, está muito bem localizado na área central e tem excelentes recomendações, além de preço justo.
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Em um bate-e-volta a partir de Xangai é possível conhecer os canais de Qibao, na China. Dennis Grice / Fonte: Flickr -
Templo em Qibao, nos arredores de Xangai, na China. Kimon Berlin / Fonte: Flickr -
Interior do templo na cidade tradicional de Qibao, na China. NekaPearl / Fonte: Flickr -
Atravessar a feira tradicional de Qibao em horários de pico pode se tornar um grande desafio. Livinha Machado -
Explorar Qibao é conhecer parte da cultura tradicional chinesa e uma alternativa à contemporânea e internacionalizada Xangai. Livinha Machado -
Qibao old town, nos arredores de Xangai. Fabio Achilli / Fonte: Flickr
Aproveite a viagem!
Lívia Machado
OIII TUDO BEM?
ESTOU indo a Shanghai e Guangzhou, e queria dedicar um dia e noite em uma dessas cidades.. Qual voce acha melhor? hangzhou, suzhou?
Ou voce acha que tem algum cidade bacana nos arredos de Guangzhou?? ou no meio do caminho? pois vamos de shangai para guangzhou de aviao, mas estamos pensando em voltar de guangzhou para shagai de trem,.. oq acha??